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domingo, 17 de novembro de 2013

Zumbi dos Palmares – Herói de seu Povo



Por Pe. José Artulino Besen

Em 1678, Zumbi (o nome significa A força do espírito) assumiu o lugar de Ganga-Zumba em Palmares e passa a comandar a resistência contra as tropas portuguesas. Ele e a maioria do povo do quilombo não acreditaram na paz dos brancos. A resistência negra durou até 1694, tendo sido necessárias 25 expedições militares para derrotá-la.

Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655. Teve a mãe assassinada quando fugia para o quilombo, mas foi capturado e entregue ao vigário de Porto Calvo, Pe. Antônio de Melo, que o instruiu nas disciplinas de latim, geometria, matemática e português. Recebeu o nome de José Francisco da Silva. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem, o Quilombo de Palmares.

Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte anos. Casou-se com Dandara, guerreira negra, mãe de seus três filhos.

Como vimos, Zumbi tinha assumido a liderança do quilombo em 1678 quando destituiu Ganga Zumba por ter assinado um tratado de paz com o governador de Pernambuco, o que poderia preservar a República dos Palmares.

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo, à frente de um exército de 9 mil homens com escopetas e canhões, comandaram o ataque final contra a Cerca do Macaco, na Serra da Barriga, principal quilombo de Palmares.

Era cercada com três paliçadas, cada uma defendida por mais de 200 homens armados. Em 6 de fevereiro de 1694, após 92 anos de resistência, Palmares sucumbiu ao exército português e foi destruída e, embora ferido, Zumbi conseguiu fugir. Dandara, sua esposa, suicidou-se depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não voltar à condição de escrava. A mesma sorte escolheram muitos negros, atirando-se num precipício. Foi registrado um dos grandes massacres da história brasileira, onde foram degolados homens, mulheres e crianças.

Apesar de ter sobrevivido, Zumbi foi traído pelo companheiro Antônio Soares e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça no reduto onde se escondera. Apunhalado, resistiu, mas foi morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada, com o pênis dentro da boca, ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.  Ainda no mesmo ano, D. Pedro II de Portugal recompensou com 50 mil réis o capitão Furtado de Mendonça por “haver morto e cortado a cabeça do negro dos Palmares do Zumbi”.

Zumbi e grande parte dos palmarinos morreram, não seu povo e sua cultura entranhados no povo brasileiro. O Brasil foi construído pelos negros durante 400 anos: é inegável sua contribuição social, econômica, cultural, política e religiosa. São apenas 100 anos de trabalho branco. Conhecer a África e seus descendentes brasileiros é parte do conhecimento do povo brasileiro.

* Não procede a tradição de que tenha comandado soldados na batalha de Batalha de Mbwila/Ambuíla, no Congo, pois essa aconteceu em 1665. O mesmo se diga a respeito de Zumbi: não era neto da princesa Aqualtune. É normal que os heróis façam nascer mitos. A arqueologia na região dos Palmares ainda é incipiente, mas, pode-se dizer, a bibliografia anglo-saxônica é mais objetiva a respeito dos quilombos.

Fonte: JMarcelofotos


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