No clássico “Crítica da Razão Dualista, o Ornitorrinco”,
Chico de Oliveira usa uma metáfora para fazer uma dura crítica ao sistema
capitalista brasileiro, ao compará-lo com um ornitorrinco. Esse animal,
definido pelo Aurélio como “[...] mamífero altamente adaptado à vida aquática,
cujos dedos das patas anteriores são unidos por membranas, e os das patas
posteriores têm fortes garras [...]”, tem bico muito semelhante ao de um pato,
é ovíparo, tem pêlos, enfim é uma mistura de réptil, pássaro e mamífero. Para
Chico uma espécie que mescla o novo com o atrasado, um animal que parou no meio
da evolução das espécies. O único capaz de deixar Darwin confuso.
O Estado de Alagoas, tal qual o Brasil de Chico, é um
paradoxo do novo com o atrasado, da abundância com a escassez, do minifúndio
versus latifúndio. Trata-se de um Estado onde a história faz questão de parar,
tal qual o ornitorrinco na longa cadeia da evolução. Um Estado cuja
sobrevivência, segundo o economista Cícero Péricles, depende das verbas
federais, mas que continua vendendo a imagem de próspero. Um Estado cujo
pagamento de toda a folha dos cortadores de cana, segundo Péricles, é quatro
vezes menor que a renda deixada pelo Bolsa Família ou mesmo pelo Seguro
Desemprego. Enfim, um herdeiro direto do Ornitorrinco.