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sábado, 21 de maio de 2022

BANHOS NO RIO MUNDAÚ

Lembranças do passado

Por Joaquim Maria





De rio caudaloso e limpo a um depósito de esgotos e detritos provenientes das casas e da agroindústria canavieira; hoje o nosso Rio Mundaú se convalesce, destinado a morrer pelo abandono e a ganância dos homens.

O rio nasce na cidade de Garanhuns no vizinho estado de Pernambuco e em Rocha Cavalcante, recebe as águas do Rio Canhoto, que banha a cidade de São José da Laje e segue seu martírio até desaguar na lagoa de mesmo nome, na nossa capital.

Tenho lembranças dos passeios, banhos e pescaria nas águas límpidas do nosso Mundaú. Nas suas margens, a mata ciliar servia de proteção. Tinha árvores nativas como a ingazeira; pois além de dá os seus frutos; uma vargem que contém uma polpa, de textura macia, envolta numa semente; branca e de uma doçura inigualável; e que também bondosamente nos cedia a sua sobra, para nos livrar dos raios mais quentes do sol.

O povo se servia das águas do nosso rio para os momentos de lazer. Nos fins de semana muitas pessoas chegavam à beira do rio. Era um verdadeiro mar na nossa cidade de tão grande que era o volume de água. Quase embaixo da ponte, próximo ao centro da cidade, tinha a pedra do jacaré; aonde a maioria das pessoas iam se banhar. Na época mais seca, os colegas jogavam bola no “areião”, ilha que se formava no meio do rio, o que era um privilégio para a garotada da Rua da Ponte e Jatobá; os maiores freqüentadores do campinho improvisado de verão. Mesmo assim, na seca; a água continuava a correr forte e veloz por toda a extensão do rio.

Tomei muitos banhos na Terra Cavada, Ilhota, Cabral, no Choque, nomes de algumas praias do nosso velho rio.
Outro fato importante era a quantidade de peixes e crustáceos que existia no Mundaú. Tinha acaris, piabas, jundiás, carás, traíras, camarões, pitus; que era uma espécie de camarão de grande porte e de casca mais resistente, sendo um dos pratos mais requisitados e caros da culinária ribeirinha. Atualmente os peixes praticamente acabaram.

Muitas famílias da nossa cidade tiravam o seu sustento das águas do grande rio, com a venda e o consumo dos peixes.

Infelizmente o Rio Mundaú está morrendo. Já não tem a mesma força de outrora.  A poluição tomou conta daquele que era o berço de vida e também de lazer para o povo palmarino.

domingo, 15 de maio de 2022

O RELAXAMENTO DO POVO E A INÉRCIA DO GOVERNO


 “Um objeto que está em repouso ficará em repouso até que uma força desequilibradora atue sobre ele” (Isaac Newton – Lei da inércia)



Professor Nivaldo Marinho.  Foto: J Marcelo.


Nasci em União dos Palmares, na fazenda gordo, sempre estudei em Escolas Públicas. Na minha infância, tive que trabalhar cedo. Vendi  picolé peguei carrego nas feiras de União, limpei jardins, aprendi lavar, passar e cozinhar, assim me cresci. 

Aprendi com meu pai que para vencer na vida honestamente, temos que trabalhar sair do estado inércia e ir à luta. Além desses valores, minha mãe me incentivou aos estudos, pois sempre acreditou e me fez acreditar na Educação como instrumento de emancipação.  Desde então, as dificuldades que enfrentamos se transformaram em desafios e motivos de luta e conquista.
Desde cedo, aprendi questionar e exigir direitos individuais e coletivos. Quando adolescente, sonhava em ser bancário, mas a “ciência” entrou em minha vida e me tornou PROFESSOR. Não me arrependi da escolha, pois como Professor Educador, me esforço para ser uma força transformadora desse sistema que está em repouso profundo há décadas. 
Muita gente me pergunta o que eu ganho em ir de encontro a  esse modelo imposto pelos  senhores feudais  que se acham reis e que ainda têm  poderes hereditários para  administrar nossa cidade como  “feudos”, monopolizando e escravizando os  analfabetos políticos e sustentando parasitas que ao longo do tempo se acostumaram  a  viver de favores e migalhas,  entrando na inércia do relaxamento e da omissão, onde o que importa é se dá  bem.  Por isso, eu não me acho superior às demais pessoas apenas tento fazer diferente, pois conquistei algo que ninguém pode tirar de mim: A sabedoria e o prazer em saber que estou fazendo a minha parte como cidadão  e que estou agindo com coerência,  verdade e justiça. 
“É a Lei da Inércia, que se aplica a nossas vidas: quando encontramos uma zona de conforto, é lá que, inertes, permanecemos. O curioso é que a maioria das pessoas nem percebe que está inerte” (Luciano Pires).
Enquanto nossos gestores administrarem nossa cidade com projetos particulares, deixando o povo em segundo plano, o abismo entre o desenvolvimento e o atraso só tende a crescer! É necessária a participação do povo, pois só assim poderemos quebrar essa corrente viciosa criada há décadas em nossa “terra da liberdade”. Foi assim com os movimentos das DIRETAS JÁ, com O FORA COLLOR, com A QUEDA DE DIVALDO SURUAGY, entre outros. Uma coisa é certa, SEM LUTA NÃO HÁ CONQUISTA Só assim poderemos transformar a inércia do atraso em desenvolvimento. Você pode até pensar que é utopia, mas eu acredito que se eu não alcançar esse desenvolvimento meus filhos com certeza alcançarão e poderão falar com orgulho: _ meu pai não foi um covarde, me ensinou a ser gente.
É preocupante ouvir alguém falar que não quer se envolver em política, porém se deixa levar por fichas sujas que compram votos e se elegem sem se quer mostrar a cara, e ainda tem eleitor que se gaba por ter “ganhado” cinqüenta reais.
Há décadas União dos Palmares vive um modelo de política onde existem apenas dois partidos: “os que mamam e os que querem mamar” Não vemos com clareza nenhum projeto de desenvolvimento, tudo parece ser feito na base do improviso. 
Estão levando a sério demais a lei de Isaac Newton, pararam no tempo, perderam a noção de futuro! Como tirar Alagoas desse caos, se não somos capazes de fazer o dever de casa?
Mas nem tudo está pedido.  A juventude de nossa cidade através de debates em rádios, internet, blogs e redes sociais têm mostrado de forma democrática um papel fundamental para o inicio das mudanças necessárias em nosso município. Um exemplo disso é o mesa Z programa da Rádio Zumbi, formado por jovens que de forma voluntária prestam um grande serviço à comunidade e o resultado já pode ser visto, pois vem mudando o comportamento e  a atuação dos vereadores da cidade com o acompanhamento das ações dos mesmos. E não tem sido diferente com o poder executivo, principalmente porque o grupo vem cobrando, questionando e levando propostas que visam o desenvolvimento de nossa  Cidade. Podemos dizer que é um exemplo de força desequilibradora que tenta tirar nosso município da inércia das forças do atraso.
Portanto, seja você também parte dessa força, ajude a colocar Nossa Cidade nos trilhos do desenvolvimento. Insira esses verbos em sua vida: LUTAR, EXIGIR E CONQUISTAR.
“A maior parte de sua vida é consumida com repetições, até que uma força desequilibradora tira você desse ciclo. Uma demissão. Uma promoção. Uma desilusão amorosa. Uma tragédia. 

Enquanto a força não surge, ficamos ali repetindo, repetindo, repetindo”. (Luciano Pires)



Nota: Artigo publicado em 29 de abril de 2012
 Professor Nivaldo Marinho. Com
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