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domingo, 2 de julho de 2023

Bar Casa Velha

 Lembranças do passado...


Em meados de 1982 tive minha primeira experiência profissional na adolescência. Comecei vendendo picolé da sorveteria de Jurandir, localizada  na entrada da COHAB velha, a experiência não foi lá das melhores, pois devido a minha pouca idade e falta de experiência, alguns meliantes chupavam o picolé e não pagavam daí ao prestar contas, a maioria das vezes ficava no prejuízo. Outrora fui vendedor na mercearia de Seu Zuza, localizada atrás do mercado, trabalhava apenas aos sábado, dia de muito movimento na feira livre. À tardezinha, após degustar uma cajuvita com pão com salame, recebíamos a diária, coisa boa! saíamos felizes, de "bucho cheio" e com uns trocados no bolso, não era muito, mas o suficiente para suprirmos algumas necessidades. Essas foram às primeiras experiências no comercio.

Também trabalhei de jardineiro por alguns anos na casa de fazenda de Dona Acidália, a qual nos ajudou muito, consideravamos como uma mãe. Contudo essa história dedicarei um capítulo especial, pois merece um pouco mais de dedicação.

Todavia foi enquanto pegava carrego na feira livre de União,  que conheci Hélio,  proprietário do Bar Casa Velha, localizado na fazenda onde hoje dá lugar ao condomínio Sueca. Certa vez, quando pegava carrego na feira, fui abordado por Hélio, que toda sexta feira às 6h da manhã costumava fazer as compras para    o “Bar Casa Velha”, lembro como hoje: o carrinho vinha repleto de todos os tipos de verdura, além de  rabadas de boi,  picanha e mamilo. Aquele era o carrego preferido, pois ele pagava dobrado o carregos para entregarmos a sua feira em total segurança. Após conquistar a confiança do empresário, fui convidado a ajudar no bar nos finais de semana, em troca, ganhava um trocado extra.  A “Casa Velha tinha um público cativo dos bancários e comerciantes, na época cosiderados a "elite de União". Toda as sextas e sábados a casa ficava cheia, não faltavam as "louras geladas" nem as caninhas com limão  acompanhadas um caldinho delicioso, além de rabada de porco ou de boi, ou ainda o prato da casa: mamilo assado na brasa. Uma delícia!

Certa vez,  na copa de 82, estava um pouco  cansado, pois em dias de jogos o movimento era dobrado, não parávamos. Quem não lembra do penalt perdido pelo camisa 10 da seleção, Zico!  Eu me lembro muito bem, pois no momento estava servindo as mesas, quando, "murmurei em voz alta": VAI PERDER! Depois gol perdido pelo o craque Zico, a galera se aretaram e me deram um banho de cerveja,  e ainda leivei uma bronca do patrão. Depois disso prometi a mim mesmo que só voltava no Bar Casa Velha como cliente, a fim de comer um mamilo assado.  Demorei, mas após algum tempo voltei, e conforme havia prometido, retornei como cliente.  Sentei a mesa em baixo do pé de manga, tomei uma coca cola de litro e degustei com uma satisfação um delicioso mamilo assado na brasa, tomei um banho no chuveirão, paguei a conta e mim despedi de Helio Casa Velha.

Por Joaquim Maria

 

 

sábado, 4 de junho de 2022

Zé Claudino, o bom malandro.

 Lembranças do Passado...

Eu estudei entre os anos de 1976 e 1979, no Colégio Santa Maria Madalena, na época; o único colégio particular da cidade; frequentado pelos estudantes de classe média da região e alguns estudantes bolsistas.

Na sétima série, chegou um novo aluno na minha sala. Era um negro baixo e gordo, muito mais velho do que a maioria dos alunos da sala por nome de José Claudino da Silva Filho, tendo o pai o mesmo nome e a sua mãe chamava-se Benedita; e que residiam na Rua Legião Brasileira (como ele mesmo dizia), quando alguém se referia ao logradouro como “atrás do mercado”. De família humilde, Zé Claudino frequentava a escola com uma bolsa doada pelo diretor, o Sr. José Correia Viana.  O pai sapateiro e mãe doméstica viviam na labuta diária com mais três filhos, sendo mais um homem e duas mulheres.

Logo se enturmou e era amigo de todos, pois sabia cativar as pessoas com o seu esplendoroso senso de humor, que fazia com que todos gostassem de ficar perto dele. No recreio, depois do lanche, os mais chegados, se reuniam em torno dele para ouvir mais um sessão de piadas e causos.  A zoeira era total! E só acabava quando tocava a sineta para voltarmos à sala de aula.

O “Negão”, como eu o chamava era muito boa gente. Gostava de aguardente e de um “baseado”, mas bem reservado. Curtia o “barato” dele sem mexer com ninguém.  Mas gostava de aprontar com os amigos.

Às sextas-feiras, à noite, nas biroscas e banca de feras ao lado do mercado municipal, várias pessoas iam comer o delicioso sarapatel, degustando uma cachaça temperada, com ervas e frutas da região.

Conta-se que certa vez um estudante de medicina, trouxe para casa, uma orelha humana para fins de estudo. Chegando em casa ,deixou os livros e foi, como de costume, comer um sarapatel e sorver algumas doses de aguardente, jogando conversa fora e, com ele levou a orelha. Aproveitando a distração, Zé Claudino retirou a orelha do bolso do acadêmico, cortou em pequenos pedaços e misturou ao sarapatel que fora servido pela proprietária do estabelecimento comercial. Todos que estavam ali comeram da inusitada iguaria, mas dessa vez reclamando que tinha alguns pedaços que não teria cozinhado direito.

Depois de muito sarapatel com cachaça, o futuro médico deu por falta da orelha e começaram a procurar enquanto o sacana do Zé Claudino, às gargalhadas dizia: Vocês comeram a orelha do defunto!

Não sei a explicação que o estudante deu ao seu mestre sobre o paradeiro da orelha, só sei que naquele dia vários dos participantes da farra, passaram a noite colocando o dedo na goela, para regurgitar a iguaria escabrosa.

Foram muitas estórias com esta em que contamos com a participação do bom malandro Zé Claudino, sobretudo porque a amizade dele perpassou os muros do colégio.

Com a família, mudou-se para Maceió. Neste período, envolveu-se com drogas e com o tráfico e depois soubemos com muito pesar do desaparecimento dele. Não sei ainda informar se encontraram o corpo para fazer um sepultamento digno

Sinto saudade do amigo Zé Claudino, o cara que era tão bem humorado que ria da sua própria situação. Da falta de dinheiro, da desordem da sua casa, do extremo nível de pobreza. Este era Zé Claudino, o bom malando.

Joaquim Maria


sábado, 21 de maio de 2022

BANHOS NO RIO MUNDAÚ

Lembranças do passado

Por Joaquim Maria





De rio caudaloso e limpo a um depósito de esgotos e detritos provenientes das casas e da agroindústria canavieira; hoje o nosso Rio Mundaú se convalesce, destinado a morrer pelo abandono e a ganância dos homens.

O rio nasce na cidade de Garanhuns no vizinho estado de Pernambuco e em Rocha Cavalcante, recebe as águas do Rio Canhoto, que banha a cidade de São José da Laje e segue seu martírio até desaguar na lagoa de mesmo nome, na nossa capital.

Tenho lembranças dos passeios, banhos e pescaria nas águas límpidas do nosso Mundaú. Nas suas margens, a mata ciliar servia de proteção. Tinha árvores nativas como a ingazeira; pois além de dá os seus frutos; uma vargem que contém uma polpa, de textura macia, envolta numa semente; branca e de uma doçura inigualável; e que também bondosamente nos cedia a sua sobra, para nos livrar dos raios mais quentes do sol.

O povo se servia das águas do nosso rio para os momentos de lazer. Nos fins de semana muitas pessoas chegavam à beira do rio. Era um verdadeiro mar na nossa cidade de tão grande que era o volume de água. Quase embaixo da ponte, próximo ao centro da cidade, tinha a pedra do jacaré; aonde a maioria das pessoas iam se banhar. Na época mais seca, os colegas jogavam bola no “areião”, ilha que se formava no meio do rio, o que era um privilégio para a garotada da Rua da Ponte e Jatobá; os maiores freqüentadores do campinho improvisado de verão. Mesmo assim, na seca; a água continuava a correr forte e veloz por toda a extensão do rio.

Tomei muitos banhos na Terra Cavada, Ilhota, Cabral, no Choque, nomes de algumas praias do nosso velho rio.
Outro fato importante era a quantidade de peixes e crustáceos que existia no Mundaú. Tinha acaris, piabas, jundiás, carás, traíras, camarões, pitus; que era uma espécie de camarão de grande porte e de casca mais resistente, sendo um dos pratos mais requisitados e caros da culinária ribeirinha. Atualmente os peixes praticamente acabaram.

Muitas famílias da nossa cidade tiravam o seu sustento das águas do grande rio, com a venda e o consumo dos peixes.

Infelizmente o Rio Mundaú está morrendo. Já não tem a mesma força de outrora.  A poluição tomou conta daquele que era o berço de vida e também de lazer para o povo palmarino.

sábado, 30 de outubro de 2021

A Avenida de União dos Palmares

Lembranças do passado...
Por Joaquim Maria

Avenida Monsenhor Clóvis

Na minha infância, eu me dedicava aos estudos e costumava passar meu tempo livre, na Avenida Monsenhor Clóvis Duarte, principal artéria de União dos Palmares, em companhia dos amigos. Nesse tempo a nossa maior diversão era ficar azarando as meninas que passava por aquele logradouro.

Tudo acontecia ali. Era uma festa um fim de semana na avenida. Quem saía de casa e caso a mãe perguntasse onde o filho ou a filha estava indo, a resposta vinha de imediato: “avenida”. Acho que até hoje é assim.

É um lugar democrático onde as famílias costumavam passear, mas era predominantemente um lugar de jovens. Se você quisesse está por dentro das notícias ou “ser” a mesma, era só frequentar o lugar.

Na avenida encontrávamos pessoas interessantes e frequentadores assíduos, como Messias, mais conhecidos por “papa cachorro”; apelido colocado pelas pessoas, por ele está sempre na companhia desses animais.

Messias, todo mundo em União conhecia. Era sujeito moreno, de estatura mediana, aparentemente sem família, morador de rua, que sofria das “faculdades mentais” e que também frequentava a tão famosa avenida. Ele viva à base de remédios, gargalhando pela cidade, quase sempre sujo, rodeado pelos seus amigos caninos.

Quando Messias passava e alguém gritava “papa cachorro”, logo era abordado pelo furioso sujeito e desafiado à briga. “Tá debochando de mim, cachorrinho?!” Era a mesma indagação. Em alguns momentos, Messias partia para a agressão física com pedras e/ou paus.

Mas mesmo neste momento quando alguém partia pra cima dele, fingindo que iria dá-lhe uma surra; ele se esquivava e saía de fininho; sempre resmungando e dizendo palavras às vezes incompreensíveis. Apesar da zombaria, era tudo muito engraçado.

Depois de muitos anos, não tive mais notícias de Messias, acho até que já faleceu. Mas ele será sempre lembrado pelos moradores da nossa cidade.

sábado, 7 de agosto de 2021

OS CARAS PRETAS

Histórias da política palmarina: 

Em União, saíram “Os Caras Pretas” e hoje, a grande maioria dos políticos da nossa cidade são “Caras Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem formação política, sem compromisso e SEM VERGONHA NA CARA.




Quando assumiram o poder em 1964, os militares para restringir as articulações políticas da oposição, extinguiram o pluripartidarismo, em 1965, pelo ATO INSTITUCIONAL NÚMERO DOIS e ATO COMPLEMENTAR NÚMERO QUATRO, estabelecendo o Bipartidarismo no Brasil, deixando os outros partidos na ilegalidade,

Foi então que surgiram a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partidos que definiam a situação e a oposição.

Em União, como em outras cidades; esses dois partidos eram muito bem divididos. A Arena tinha a mão forte dos militares e a subserviência dos seus filiados em troca dos benefícios do poder. Enquanto o MDB era determinado pelos inconformados com o poderio da situação. Os oposicionistas.

Na nossa cidade esta situação dividia amigos e familiares, numa guerra política desastrosa e inconsequente.

Na minha infância, ficou bastante evidente esta divisão através das famílias Gomes de Barros na ARENA e os Vergeti no MDB. Isto era uma loucura! Esses Grupos faziam com que a população se dividisse e se enfrentassem no campo das discussões políticas e até no braço mesmo. Na verdade este vínculo com as famílias eram tão fortes que sobrepunha à questão ideológica.

 

A questão social ficava prejudicada por esta divisão, pois a separação da sociedade palmarina era explicita, ou seja; que estava em um lado não poderia se relacionar com o outro. As amizades e até os casamentos, era de bom gosto se fosse entre os partidários. Quem não era do mesmo partido era chamado de “CARA PRETA”.

No período das campanhas políticas era um inferno, as pessoas se tornavam inimigas. Os carros de sons que anunciavam os comícios e que vendiam o “peixe” do seu partido convidavam os correligionários para uma noite de promessas, que geralmente nunca eram cumpridas. Os comícios era o termômetro das campanhas. A quantidade de pessoas nos comícios demostrava a força e a capacidade de aglutinação e de mobilização, dos candidatos e do partido. O comício virava um grande acontecimento. Geralmente o palanque era um caminhão, que ficava carregado de gente; com alguns autofalantes amarrados em caibros, para o som alcançar a maior distância possível e o eleitor pudesse ouvir as promessas dos candidatos.

Durante o dia era uma verdadeira agonia para a população. A poluição sonora era terrível e com músicas mal arranjadas e de péssima qualidade. Em uma rua passava um carro de som com a música: “É Mano, é Mano, é Mono; é Mano sim senhor...”; na outra: “Afrânio Vergeti, candidato a prefeito, vote nele eleitor; dessa vez União toma jeito”; eles passaram pela prefeitura de União e até agora a nossa cidade continua sem jeito.

Hoje com a pluralidade partidária, na nossa cidade, ainda tem gente que nunca deixou de acompanhar seus candidatos, em troca de empregos ou benefícios destes, quando eles chegarem ao poder. Agora a troca de partido virou moda. Todos os políticos estão arrumando em jeitinho de levar vantagem com a troca partidária.

Em União, saíram “Os Caras Pretas” e hoje, a grande maioria dos políticos da nossa cidade são “Caras Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem formação política, sem compromisso e SEM VERGONHA NA CARA.

Lembranças do passado, Por Joaquim Maria.

Leia também: 

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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Lembranças da Fazenda Gordo, Sitio Quemadas, jacó, onde vivi parte da minha infância!

Lembranças do passado...


Sítio vizinho a Serra da Barriga 

Na caminhada de hoje tive a grata satisfação de apreciar uma paisagem de sítio! Me fez lembrar o tempo que vivi na fazendo na Fazenda Gordo. Acordava com o cantar do galo, dos passarinhos, galinha no terreiro e o ti ti ti dos pintos. Casinha de taipa, banheiro no mato, casa de farinha, mangueira no terreiro, jaca, pitomba, cana caina, ingá na beira do rio, araçá na serra, milho e mandioca no roçado e na cozinha logo cedo sentiámos o cheiro de xerém ralado de milho com leite puro bem fresquinho e cheiroso, tirado da  vaca malhada antes do dia amanhecer.  

Isso me fez pensar o quanto é importante a agricultura familiar, que é responsável pela produção dos alimentos que chegam as nossas mesas. Em União não percebemos políticas de valorização do homem do campo, é uma látima, quando se tem produção, não tem estrada para escoar os alimentos, é uma luta constante desses guerreiros do campo.  

domingo, 9 de maio de 2021

Minha Amada União dos Palmares

Por Manoel Simeão


Todas as vezes que retorno de viagem, chegando as proximidades do antigo povoado Caípe e vejo União dos Palmares, ao longe, digo em meu pensamento: "AMO ESSA TERRA, SOU APAIXONADO POR UNIÃO DOS PALMARES". Essa linda cidade rodeada de serras, morros, riachos, do lendário rio mundaú, de lindas paisagens, rica em cultura, histórias, de uma bela gente trabalhadora e honesta. Terra de uma festa centenária, grande evento da região que é a festa da nossa Padroeira Santa Maria Madalena, terra que viverá para sempre em meu coração, em minha vida, a minha bela União dos Palmares.

E nessa declaração de amor a minha cidade que amo tanto, passo a recordar que neste torrão já existiu no passado e que na inocência e simplicidade da época, alegrava, e ajudava a engrandecer o nosso lugar; Falo do Parque Infantil Antenor Uchôa que aos feriados e domingos era aberto a todo criançada. Eu e as demais crianças palmarinas íamos lá andar nos brinquedos, chupar picolés, comer pipocas e degustar peito de veia (como era chamado flau antigamente), eu e minhas irmãs passávamos toda tarde lá era muito bom, bons tempos aqueles. Na época tinha também a Creche Municipal (ficava vizinho ao parque) creche aonde as mães deixavam as crianças.

Existia ainda a fábrica de doce de goiabada que se localizava na Rua Demócrito Gracindo (antiga Rua da Ponte), doce que estava presente em todas as festas de aniversário de nossa cidade. Relembro ainda a fabrica de correntes que dava empregos a dezenas de pessoas e que ao meio dia e à tardinha ouvia em minha fase de menino, a sirene da fabrica apitar avisando o final de expediente, a hora de largar.

Quem também não se lembra dos times do Zumbi e Bangu, dos jogos estudantis palmarinos - JEPS que incendiava a eterna disputa esportiva do Colégio Santa Maria X Ginásio Mário Gomes, também os belos desfile s do dia 13 de outubro, a Capelinha de São Vicente de Paulo aonde eu assistia as missas as sextas às 6 horas da manhã celebradas pelos Padres Emílio e Donald e além de todas essas coisas tinha todo o encanto, beleza, simplicidade de uma cidade pacata sem violência que amava participar das festas de nossa padroeira, a nossa inocente e amada União dos Palmares.

Assim era a minha União dos Palmares, terra que amo e que acho linda, e olhe que conheço boa parte das cidades de Alagoas e União é uma das mais belas, uma das quatro mais belas, só faltam cuidados com nossa querida terra. União de suas praças, árvores, de sua Igreja Matriz, de sua Escola Rocha Cavalcanti em forma de Fórum romano aonde minha mãe estudou, União de sua história que encanta o mundo, de seus escritores que exaltam a beleza de sua gente e dessa terra, União da Prof.ª Salomé da Rocha Barros, do Prof. José Correia Viana, dos poetas Povina Cavalcante e Jorge de Lima, terra dos dias de janeiro em que temos a procissão centenária do Mastro e das noites da procissão luminosa da bandeira, das noites de novenas, dos shows e dos encontros dos palmarinos ausentes com seus familiares na matriz durante as novenas, noites em que encontro vez ou outra durante a festa a minha doce e bela musa.


Essa é a minha amada UNIÃO DOS PALMARES, que amo, que sou fascinado, que minhas palavras são insuficientes para expressar meu amor por essa terra, União amo você!!!!!!!!!

Por Manoel Simeão Moreira
Professor Licenciado em Geografia 

domingo, 11 de abril de 2021

Eleições em União: do Ilariê ao Enfica

 Histórias da política palmarina

Foto de arquivo Iran Menezes

Em 1988 o programa Xou da Xuxa bombava na TV brasileira. Acertadamente, marqueteiros políticos aproveitaram o “xuxesso” e transformaram o hino da Rainha dos Baixinhos em Jingle político do candidato Iran Menezes, que, além do hino, contava também com apoio do deputado estadual Afrânio Vergetti.


Ganhando vida própria, não sei por que o “magrinho de ouro” desagradou o deputado, aí, para sua sucessão, houve uma junção. Manoel Gomes de Barros lançava José Praxedes, ex-assessor, e para poder derrubar o prefeito das praças e o mais popular da zona rural tinha que haver uma junção poderosa, então os Vergetti indicam Jorge Vieira para vice. Só assim poderiam derrotar o candidato apoiado pela prefeitura. Após as eleições de 92 aconteceu um racha naquela “união”; então, em 96, Afrânio Vergetti resolve voltar à prefeitura concorrendo contra José Pedrosa e Iran, agora apoiados por Mano, em uma eleição complicada e bastante violenta.

Em 2000, Mano apoia a reeleição de Vergetti em “gratidão” ao apoio dado para ele na eleição para governador em 98. No meio do mandato Mano volta a apoiar José Predrosa, que da noite para o dia, em 2002, recebe de bandeja a prefeitura. De lá para cá Mano vem apoiando, ou engolindo, os apoiados pela administração municipal, foi assim com Kil, imposto por João Lyra, para vice de Pedrosa, foi assim novamente com Kil imposto por Predrosa para ser prefeito, pois Pedrosa sabia que ele (Kil) não mais se reelegeria e assim Predrosa voltava com todo gás à prefeitura via eleições 2012, mas nem tudo saiu com se esperava.


Faço essa pequena introdução para dizer que agora em 2012 temos eleições para prefeito, vice e vereadores e a junção Mano/Vergetti estará, provavelmente, de volta. Vamos refletir: quem já viu em União alguém de oposição a Mano ou a quem ele apoie dar entrevista aberta na rádio AG e ainda mais para falar sobre eleições e pior tendo o próprio Mano com adversário? Foi o que aconteceu dias atrás com o pré-candidato da família Vergetti.
Desculpem-me os candidatos, mas o que parece é que no momento do registro das candidaturas querem dar força dizendo que houve uma "união", pois, assim, dará bem mais crédito e grandeza para a chapa majoritária. Assim farão o velho discurso “resolvemos nos unir para o bem de União”. Está junção, para mim, já está bem definida. Será que ao menos a música de campanha será enfica? Acho que sim, pois essas junções só colocaram União cada vez mais enficado no buraco do coronelismo, do mandatarismo, do autoritarismo e tantas outras mazelas deixadas por quem sempre se uniu, na verdade, em busca de seus interesses particulares.

 

 

Sérgio  Rogério
ACORDA UNIÃO

http://acordauniao.blogspot.com/2012/05/eleicoes-em-uniao-do-ilarie-ao-enfica.html postado em 08 de maio de 2012

Leia também:

UNIÃO: ORGULHO E VERGONHA NO ÚLTIMO MEIO SÉCULO.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Eu vi e você?

Lembranças do passado, por Sergio Rogério



Eu vi candidato a prefeito falar que: "se ganhar estudante não paga ônibus pra estudar".
Vi este candidato assumir o lugar e esta promessa não honrar!
Vi este já prefeito cair, e o vice por duas horas assumir o lugar!
Vi o prefeito voltar e mandar o vice procurar o seu lugar!
E os TERRENOS na M... continuar.


Vi um debate em 2004 se organizar e o prefeito não ir lá!
Vi comércio de gasolina e hotelaria em União se alastrar!
Vi professores a Educação em um caixão enterrar!
Vi o nepotísmo na prefeitura rolar!
Vi praça boa reformar !
E os TERRENOS no lamaçal continuar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Bastidores da origem do bairro Roberto Correia de Araujo

Histórias da política palmarina

O bairro nasceu a partir de uma estratégia política de Rubinho 

Foto: União das antigas                              José Pedrosa, Rubinho, Mano e Tonheiro
Em 1975 um fato marcou a eleição para prefeito de União dos Palmares, quando Manoel Gomes de Barros (ARENA) disputou a prefeitura com José Correia Viana (MDB). Mano representava o governo e Viana à oposição.

Entenda a manobra que deu origem ao bairro:
Pesquisas populares revelavam uma certa vantagem para o candidato da oposição, fato de  preocupação para a base governista. Tendo em vista reverter esse quadro, Manoel Gomes investiu no grande comício com a presença do governador Divaldo Suruagy. O local escolhido foi as terras onde hoje está localizado o Parque Vergetão.  

Rubens Holanda e Antonio Aragão eram os locutores e animadores da campanha de Mano, os mesmos já não sabiam mais o que fazer para segurar o povo no comício, pois Suruagy estava na cidade vizinha e devido ao atraso as pessoas estavam indo embora.

Foi então que Rubinho teve uma ideia: Sem titubear, anunciou nos potentes altos falantes amarrados em caibros sob um caminhão, que o governador estava chegando e que ao chegar iria fazer a * doação dos terrenos para o povo presente, e claro, de tabela para quem votasse no candidato do governo. Mano ficou vermelho sem entender a promessa do locutor pois, não tinha conhecimento do fato, no entanto quando o Suruagy chegou,  ficou ciente da situação e acatou a ideia.

Dessa forma foram feitos mais de três mil cadastros, resultando na vitória do ex-governador Manoel Gomes de Barros para prefeito de União dos Palmares.

Portanto, “por merecimento, o bairro Roberto Correia de Araujo deveria ser chamado de Rubens Holanda, pois ele foi responsável pela estratégia política que deu a sua origem”.

* Na época não se configurava crime eleitoral as doações feitas pelos candidatos
   Rubinho também foi o fundador do Ginásio Municipal Mário Gomes de Barros.


Fonte de pesquisa: Antonio Aragão em entrevista ao programa Mesa Z.

Leia também:
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sábado, 8 de fevereiro de 2020

União dos Palmares só teve prefeito ruim

Por Joaquim Maria   



Foto: Maria Mariá
Nascido há mais de quarenta
Na terra da liberdade
Nunca vi uma cidade
Que sofresse tanto assim.
E por mais de quatro décadas
O povo segura a peteca
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Todos os administradores
Desde o tempo de Antenor
Sempre declararam amor
Um amor puro e sem fim
Mas fizeram muito pouco
Hoje o povo anda louco
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim.

Esíquio Correia talvez
Fossa a nossa solução
Com a caneta na mão
E o coração de marfim
Enrolou os quatro anos
Hoje o povo está sem planos
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Chegando Afrânio Vergetti
O povo se alegrou
Quem gostava, até dançou
Mas foi só um estopim.
Este também enganou
Teve gente que endoidou
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Logo após chegou o Mano
Querendo ser coronel
Foi mais amargo do que fel
Na nossa cidade enfim.
Só se promoveu na politica
E o povo tá tiririca
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Rosiber foi outro traste
Que baixou neste terreiro
O nosso povo ordeiro
Ficou sem meio e sem fim.
Ele parecia um anjo
E nos lascou por seis anos
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Dr. Iran elegeu-se
Ganhando do coronel
Depois de um grande “escassel”
Foi pior que Idi Amim.
Pois deixou o povo ao léu
Perdendo um lugar no céu
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim.

Depois veio Zé Praxedes
Com uma carinha boa
Meu irmão, minha patroa
Ele só tratava assim.
Mas foi uma grande tristeza
E só usou da esperteza
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

A volta de Afrânio Vergetti
Foi uma grande vitória
União se encheu de glória
Ressurgindo, outrossim,
Mas tudo se deu errado
Afrânio foi desligado
Porque União Palmares
Só teve prefeito ruim!

Zé Pedrosa assumiu
Formando um grande alarido
O povo estava aturdido
Com tanto descaso, sim.
Não terminou o mandato
A morte o levou de fato
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!

Entrou o amigo Kil
Querendo fazer sua parte
Depois do escândalo da charque
Quase ficou sem “dindim”.
Virou caso de policia
O processo tá na justiça
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim.

Beto Baía ganhou
Com a anuência do povo
O governo tá um nojo
Só Jesus com Querubim.
Mas mesmo com todo tempo
Faz um governo nojento
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!!!

Eduardo Pedrosa assumiu
Depois da cassação de Baía
Agora tá dando agonia
A cidade está no fim,
Para encontrar um bom sujeito
Parece ser praga e sem jeito
Porque União dos Palmares
Só teve prefeito ruim!!!

Só na próxima eleição
Podemos fazer diferente
Elegendo alguém decente
Um Thor, um Zeus, um Odin
Que tenha capacidade
De cuidar desta cidade
E União dos Palmares deixar

De só ter prefeito ruim!!!

sábado, 13 de abril de 2019

O trem que transportava e dividia as "classes sociais" em União dos Palmares

Lembranças do Passado...




Durante décadas aqui no Brasil, muita gente viajou de trem pela extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA).

Aqui em União dos Palmares, o principal trecho da linha férrea ligava a capital alagoana à pernambucana; necessário ao intercambio interestadual, de estudantes e principalmente de comerciantes; pois estes procuravam as capitais para encontrara as mercadorias mais baratas e que podiam repassar aos consumidores locais com um preço melhor, preservando um lucro substancial.

Entretanto a chegada do trem na nossa estação era motivo de festa e confraternização entre as pessoas. Muitos chegavam e muitos partiam sem saber se voltariam a rever a sua terra natal. Nestes casos era grande a comoção dos familiares e amigos, porque muitas pessoas sabiam que estava vendo o seu ente querido pela última vez.

Na minha infância, viajei muitas vezes a Maceió, na companhia dos meus pais, que eram comerciantes, para adquirir mercadorias, comprarem roupas, sapatos para o uso pessoal e utensílios domésticos, no comércio da nossa capital.

Mas me recordo com saudade das viagens que fiz neste meio de transporte, porque naquela época, só havia estrada afastada, para quem morava em União e queria ir até Maceió, só a partir de Messias, na BR 101; o que tornava a nossa viagem de carro, uma grande aventura; porque tínhamos que pegar um trecho de estrada carroçável de péssima qualidade; principalmente no inverno.
Todavia a nossa viagem começava em União, onde esperávamos o trem vindo de Recife.

Antes disso, as pessoas esperavam o trem na estação, acomodados na sala de espera e até no pátio, pois este momento servia para colocar a conversa em dia; pois os passageiros eram na maioria das vezes os mesmos.

As passagens eram compradas na própria estação e o ticket era um cartão grosso de forma retangular para os adultos e para as crianças, como no meu caso; pagava-se meia passagem, o que no bilhete, diferenciava-se por causa do corte em diagonal.

A composição era formada por uma locomotiva, um ou dois vagões de carga e uns dez vagões de passageiros. Havia a primeira e a segunda classe. Na primeira classe, as poltronas eram acolchoadas, individual; lembro-me que era de cor azul e reclinável, para o conforto do usuário, pois a viagem demorava cerca de 3 horas. Na segunda classe a poltrona era feita de madeira, onde em uma única poltrona viajavam dois passageiros e sem o conforto da primeira classe. As janelas eram duplas. Na primeira parte o passageiro poderia fechar só a janela de vidro, para apreciar a paisagem da zona da mata alagoana, compreendida pelos os imensos canaviais e pelas as culturas de subsistência como mandioca, milho e feijão. A outra opção seria fechar além da janela de vidro a de madeira; para escurecer o ambiente, necessário para quem queria tirar um cochilo. Na primeira classe, os passageiros tinham a opção de comprar lanches, composto por refrigerantes, cafés, sanduiches e bolos; servidos pelos funcionários da ferrovia.

A saída de União se dava, com o toque no sino da estação e posteriormente com dois apitos agudos, dado pelo guarda ferroviárioque acompanhavam a composição. Logo após a partida havia a supervisão das passagens, feita pela equipe de cobradores, que viajavam, conferindo ou vendendo os tickets aos passageiros que porventura não tivesse comprado no guichê da estação. A conferência era feita com a perfuração das passagens, por uma espécie de alicate que os funcionários carregavam nos bolsos do seu fardamento de cor azul.

Ao longo do trajeto, havia as paradas nas estações de cada povoado e cidade por onde passava o nosso trem. Depois de União, a composição não parava; mas diminuía a velocidade na Usina Laginha, para que as pessoas pudessem embarcarno trem em movimento, coisa inconcebível para os dias de hoje; por causa da segurança. As próximas paradas eram nas cidades de Branquinha, no povoado Nincho, Murici, povoado Itamaracá, povoado Lourênço de Alburquerque, Rio Largo, Satuba, Bebedouro e finalmente Maceió.

O retorno a nossa cidade se dava por volta das 17 horas da estação de Maceió e com a chegada prevista para as 20 horas.

A viagem era um acontecimento prazeroso e ao mesmo tempo uma necessidade da época; onde os meios de transporte e principalmente as estradas asfaltados eram coisa de cidades e estados mais desenvolvidos.

Por Joaquim Maria

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A melhor boate que União dos Palmares já teve “O CASARÃO”

Por Joaquim Maria


Foto ilustrativa
Hit Pop, Cisne, Flash Dance, Bangú, Som Brasil e tantos outros, eram os nomes de casas noturnas marcaram a noite palmarina e a vida de várias pessoas da nossa sociedade.
Uma em particular marcou a minha adolescência, a boate O Casarão. Nela desfilava partir da sexta-feira; a nata da sociedade da nossa terra. Ficava na Rua Coreia de Oliveira, onde recentemente, funcionou a Casa da Cultura.

Era um lugar muito bem frequentado pelas classes A e B de União dos Palmares. O Casarão era na verdade, como o nome já diz; uma casa grande adaptada e transformada na melhor boate da nossa cidade. Na entrada, um birô e uma cadeira serviam de bilheteria, onde o proprietário ou algum membro da família trabalhava como porteiro. Depois tinha um corredor longo, que terminava numa ampla sala onde ficava a pista de dança. Não era uma pista grande e, além disso, era margeada por cadeiras e mesas de madeira. A luz negra e o globo tornavam o ambiente muito mais agradável. Garçons vestidos a caráter, drinks servidos nos copos mais chiques da época, faziam a alegria dos freqüentadores.

As músicas de Donna Summer, John Travolta, Olívia Newton John e de Elvis Presley eram executadas por várias vezes na noite; em um aparelho de som que tocava tanto com LP quanto com fita cassete, o mais sofisticado da época. Mas não eram somente os embalos que faziam parte do imenso repertório da boate. Existiam vários momentos onde os ritmos eram distribuídos pelo discotecário, hoje DJ, dependendo de cada momento e do público. Era na base da percepção e da sensibilidade do regente. Tocava também MPB, um xote ou um forró de Luiz Gonzaga; quem não dançou bem agarradinho, na penumbra ao som do LP Década Explosiva Romântica, de canções italianas. Roberto Carlos também cavalgava na noite da boate. Rita Lee, Lulu Santos, Guilherme Arantes, 14 Bis, A Cor do Som, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e tantos outros nomes, tinham as suas músicas executadas na saudosa casa noturna.

O Sr. Gilvan e D. Vera eram os proprietários do estabelecimento. Ainda me lembro de Milton servindo as mesas. Era garçom nas horas vagas e eletricista de profissão.
Passei vários finais de semanas entre músicas, “amassos” e cervejas na boate O Casarão. São lembranças difíceis de apagar.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Radialista Silvio Sarmento


Nossa homenagem ao grande amigo, Radialista Silvio Sarmento. Silvio nasceu em 06 de setembro de 1949. Hoje completaria  68 anos.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

OS CARAS PRETAS

Lembranças do passado
Por Joaquim Maria


Quando assumiram o poder em 1964, os militares para restringir as articulações políticas da oposição, extinguiram o pluripartidarismo, em 1965, pelo ATO INSTITUCIONAL NÚMERO DOIS e ATO COMPLEMENTAR NÚMERO QUATRO, estabelecendo o Bipartidarismo no Brasil, deixando os outros partidos na ilegalidade,
Foi então que surgiram a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partidos que definiam a situação e a oposição.

Em União, como em outras cidades; esses dois partidos eram muito bem divididos. A Arena tinha a mão forte dos militares e a subserviência dos seus filiados em troca dos benefícios do poder. Enquanto o MDB era determinado pelos inconformados com o poderio da situação. Os oposicionistas.

Na nossa cidade esta situação dividia amigos e familiares, numa guerra política desastrosa e inconsequente.
Na minha infância, ficou bastante evidente esta divisão através das famílias Gomes de Barros na ARENA e os Vergeti no MDB. Isto era uma loucura! Esses Grupos faziam com que a população se dividisse e se enfrentassem no campo das discussões políticas e até no braço mesmo. Na verdade este vínculo com as famílias eram tão fortes que sobrepunha à questão ideológica.

A questão social ficava prejudicada por esta divisão, pois a separação da sociedade palmarina era explicita, ou seja; que estava em um lado não poderia se relacionar com o outro. As amizades e até os casamentos, era de bom gosto se fosse entre os partidários. Quem não era do mesmo partido era chamado de “CARA PRETA”.

No período das campanhas políticas era um inferno, as pessoas se tornavam inimigas. Os carros de sons que anunciavam os comícios e que vendiam o “peixe” do seu partido convidavam os correligionários para uma noite de promessas, que geralmente nunca eram cumpridas. Os comícios era o termômetro das campanhas. A quantidade de pessoas nos comícios demostrava a força e a capacidade de aglutinação e de mobilização, dos candidatos e do partido.O comício virava um grande acontecimento. Geralmente o palanque era um caminhão, que ficava carregado de gente; com alguns autofalantes amarrados em caibros, para o som alcançar a maior distância possível e o eleitor pudesse ouvir as promessas dos candidatos. 

Durante o dia era uma verdadeira agonia para a população. A poluição sonora era terrível e com músicas mal arranjadas e de péssima qualidade. Em uma rua passava um carro de som com a música:“É Mano, é Mano, é Mono;é Mano simsenhor...”; na outra:“Afrânio Vergeti, candidato a prefeito, vote nele eleitor; dessa vez União toma jeito”;eles passaram pela prefeitura de União e até agora a nossa cidade continua sem jeito.

Hoje com a pluralidade partidária, na nossa cidade, ainda tem gente que nunca deixou de acompanhar seus candidatos, em troca de empregos ou benefícios destes, quando eles chegarem ao poder. Agora a troca de partido virou moda. Todos os políticos estão arrumando em jeitinho de levar vantagem com a troca partidária.


Em União, saíram “Os Caras Pretas” e hoje, a grande maioria dos políticos da nossa cidade são “Caras Pálidas”. Políticos sem ideologia, sem formação política, sem compromisso e SEM VERGONHA NA CARA.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

As atrações da feira livre

Lembranças do Passado, por Joaquim Maria



 As feiras livres do interior é o lugar onde se comercializa praticamente de tudo. Mas antigamente, além da comercialização de produtos, as feiras serviam para a apresentação dos artistas populares, que andavam pela região, executando as mais diversas formas de expressão de cultural.

O meu interesse pela cultura popular, vem justamente das feiras; porque quando eu era criança, aqui em União dos Palmares, andava a procura destas apresentações e; sempre que encontrava um artista, parava e ficava admirando a sua performance.

Você já sabia que tinha alguma apresentação, pois logo se formava uma aglomeração de pessoas para assistir ao desempenho dos artistas. Na realidade, não havia um local reservado para os shows, em qualquer lugar da feira, em meio a roupas, frutas ou legumes, ali estava alguém se apresentando.

Naturalmente o que mais me atraia eram as rimas feitas pelos violeiros, os versos lidos no folheto de Literatura de Cordel, a rapidez no pensamento ritmado dos cantadores do coco de embolada e claro, o “tarrabufado” da sanfona, com a zabumba e o triangulo, do trio de forró pé de serra.

A maioria dos trios de forró era daqui mesmo. Eu passei muito tempo acompanhando, na porta do mercado de carne, a exibição de Minhoca e Edvaldo (Ceguinho), dois dos mais exímios executores do instrumento mais nordestino de todos: A sanfona. Tendo a companhia de “Seo” José (pai do Ceguinho) Nilson Rôla, Carlinhos Varize e Mário Carniça que se revezavam na zabumba e/ou no triangulo.

Hoje ando pela feira e não vejo mais os sons harmoniosos extraídos das sanfonas, nem os versos metrificados da literatura de cordel, nem o choro lamentoso das violas e nem o trava-língua dos emboladores com seus pandeiros. Por este motivo, as feiras atualmente ficaram muito mais tristes.

domingo, 27 de dezembro de 2015

No quintal de casa, as amoras...

Lembranças do passado, por Joaquim Maria

Foto: internet

Lá pelos anos 70 do século passado, eu morava na Rua Nova, numa casa larga e comprida; com um quintal muito grande, divido com os dos vizinhos por uma cerca de varas e arame.
Neste quintal onde o meu pai criava galinhas, tinha um pé de pitomba, de poucos galhos, que fazia uma sombra na porta da cozinha e que na época da safra, dava uma pitomba pequena de pouca polpa, mas doce.

Era no tronco da pitombeira que ficava amarrado o nosso cachorro, Branch, (leia-se desse jeito mesmo), que fora assim batizado pelo meu pai. Branch era um cachorro muito forte e de muita força. Seus pelos misturados entre os tons escuro e castanho claro; eram grossos e brilhantes. Morreu de velhice.

Se não me falha a memória, tínhamos um pé de amêndoas no meio e no final do quintal, alguns pés de cana caiana. À beira da cerca, vários pés de amora se enroscavam nas varas e nos arames.
Na época nós dormíamos cedo e acordávamos muito cedo também. E era assim, juntos com o nascer do sol; que eu e minhas irmãs íamos para o fundo do quintal colher as amoras pretas e doces, ainda orvalhadas.

No período do inverno, que era bem definido, as amoras cresciam mais viçosas e suculentas, necessitando coloca-las num recipiente, para não sujar os nossos pijamas de mangas compridas feitos de flanela. As amoras eram consumidas antes de a nossa mãe colocar o café da manhã; geralmente cuscuz feito do milho ralado por ela, com o leite de gado fresquinho que teria sido comprado nas primeiras horas do dia.

Depois era só nos aprontar para ir à escola. Não faltava a comparação de qual boca estava mais vermelha, na hora de escovar os dentes. Isto era rotineiro.  Todos os dias tinha colheita de amoras, no fundo do quintal da nossa casa.

Joaquim Maria

terça-feira, 13 de outubro de 2015

DIA 13 DE OUTUBRO

Lembranças do passado...

Por Joaquim Maria


Foto: Olívia de Cáss          Lamparina, instrutor da Fanfarra do Mário Gomes

Na época que eu estudava no Colégio Santa Maria Madalena, ficava apreensivo com a proximidade do dia 13 de outubro, dia da emancipação política de União dos Palmares. Tudo isto acontecia por causa do desfile das bandas marciais dos rivais, Santa e Mário Gomes.

Os ensaios e a preparação do desfile viravam uma festa; tanto para os alunos quanto para a população da nossa cidade.
Maestro Cadenga comandava a banda do colégio Santa Maria, enquanto Lamparina era quem regia a do Ginásio Mário Gomes.

Lembro-me da torcida par ver quem saia mais bonito. Até as roupas eram guardadas as sete chaves, para que o adversário não soubesse como vinha o seu rival. Tudo em absoluto sigilo. Até os dobrados eram ensaiados exaustivamente para que tudo saísse em perfeita harmonia.

Treze de outubro era uma festa. Muitas outras bandas, das cidades circunvizinhas eram convidadas para vir abrilhantar o desfile. Meninas bonitas sempre saíam à frente da banda. Mas tudo estava voltado para os dois colégios rivais. O Santa com o seu tradicional azul e branco e o Mário com suas cores vermelha, puxando para o grená. Tradicionalmente o Mário saía mais enfeitado, às vezes com chapéus, botas e pendões; enquanto o Santa normalmente trazia na sua roupa, não muito mais do que as suas cores.

O ponto culminante da festa era na Praça Basiliano Sarmento. Era lá, onde todas as bandas se apresentavam ao grande público. Era na praça onde os melhores dobrados eram executados. Onde cada componente dava tudo de si para que a sua agremiação tivesse um desempenho satisfatório.

Não lembro se existia alguma premiação; acho que não, mas o contava mesmo, era que a apresentação das bandas saísse da melhor maneira possível. Esses desfiles eram um acontecimento histórico e sempre se comentava durante vários dias sobre quem se apresentou melhor; cada um puxando a brasa para sua sardinha.

 Hoje, com a dissolução patriótica por que está passando o nosso país, não se veem mais esses belos acontecimentos, onde com alegria e muita garra, vários estudante comemoravam com orgulho, as suas datas históricas. Nunca mais aconteceu um grande desfile na maior cidade da zona da mata alagoana. Acho que até as bandas acabaram. É triste.