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domingo, 9 de março de 2014

Denunciantes sentem-se ameaçados em União e procuram Conseg

Por Davi Soares



Se depender da disposição de vereadores palmarinos e de ex-aliados como o senador Fernando Collor (PTB) e o deputado federal Francisco Tenório (PMN), o destino do médico Beto Baía (PSD) já está traçado: será afastado do mandato de prefeito de União dos Palmares, provavelmente ainda neste mês, depois cassado, quando for finalizado seu julgamento político, após as “investigações” de indícios de irregularidades entregues à Câmara Municipal por um movimento chamado “O povo elege, o povo tira”. Seria um exemplo de manifestação de cidadania em uma localidade que possui uma das raízes mais profundas do coronelismo entre os municípios alagoanos. Mas é justamente este ranço coronelista que já faz o rumo da apuração pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) descambar para as ameaças e intimidações.

A notícia da chegada na cidade de pessoas acusadas de crimes no passado não é o único fato que tem apavorado denunciantes. O nível de intimidação já se traduz em telefonemas ameaçadores e rondas por onde moram denunciantes. Integrantes do grupo “O povo elege, o povo tira” já procuraram o Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) e devem pleitear pedidos para que o Estado garanta proteção pessoal individualizada. A informação foi confirmada por uma fonte do Conseg, que ainda não recebeu oficialmente os pedidos para serem analisados pelo presidente do colegiado, o juiz Maurício Breda. Após receber pedidos formais de vítimas de ameaças, o presidente do Conseg pode decidir de imediato pela medida cautelar, ou esperar para submetê-la aos demais conselheiros, após análise de um relator.

O pecado de Beto Baía é original: pelo “sonho de ser prefeito”, reuniu jacaré e cobra d’água em uma aliança ampla, que possibilitou sua eleição, em 2012. Sem cumprir acordos eleitorais, a situação piora cada vez mais, refletindo no nível dos serviços públicos e na sua popularidade extremamente baixa. As denúncias só agravam a situação do gestor, e podem culminar em uma substituição pelo seu vice-prefeito, o pecuarista Eduardo Pedrosa, cujo sobrinho e vereador Rafael Pedrosa preside a Comissão Especial de Inquérito (CEI) instalada em fevereiro pela Câmara.

Vereadores pressionados

Em dezembro de 2013, o grupo “O povo elege, o povo tira” apresentou à Câmara de Vereadores as denúncias de ilegalidades nos gastos e dispensas de licitações na Prefeitura de União dos Palmares, junto com um pedido de afastamento de Beto Baía. Também questionada pelo grupo sobre seus gastos, a Câmara não agiu. Segundo os denunciantes, o Grupo Estadual de Combate as Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual (MP) também recebeu as denúncias e iniciou a apuração. O espírito cidadão baixou no plenário do Legislativo palmarino somente após pedidos de informações feitos pelo MP. Aleluia!

Com o incentivo de Collor e Tenório, que se preocuparam em logo demonstrar o rompimento com o impopular ex-aliado, a Câmara tem 90 dias de prazo, prorrogável por mais 45 dias, para apurar as denúncias contra o chefe do Executivo de União. Mas a solução deve ser rápida, antes das convenções para as eleições deste ano.

Mas algumas perguntas interessantes feitas pelo grupo denunciante não podem ficar sem respostas nesta CEI: como andam as contas da Câmara Municipal de União dos Palmares? Vamos ver quem responde primeiro, o Gecoc ou os próprios vereadores! 

O blog não conseguiu entrar em contato com o prefeito Beto Baía, que já disse que acredita ter sido alvo de perseguição, porque derrubou a hegemonia política do ex-governador Manoel Gomes de Barros (PSDB), em 2012.

Fonte: cada minuto

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