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sábado, 28 de dezembro de 2013

AS ENCHENTES DO RIO MUNDAÚ NA TERRA DA LIBERDADE

lembranças do passado..
Por Joaquim Maria



Foi no ano de 1969 que se deu uma das grandes enchentes na nossa região.  União dos Palmares sofreu com o evento, mas o município de São José da Laje foi totalmente inundado pelas águas do Rio Canhoto, devido às fortes chuvas na cabeceira do rio, no estado de Pernambuco. Foram mais de 1.200 mortos, pois a enchente pegou a população da nossa vizinha cidade, desprevenida, por volta das 2 horas da manhã, causando a maior catástrofe do interior alagoano naquela época.

Eu ainda criança, não conseguia dimensionar o tamanho da tragédia. Tudo parecia muito confuso. Lembro que o campo de futebol de União dos Palmares, na Rua Nova, abrigou alguns helicópteros enviados pelo governo, trazendo mantimento para todos os desalojados daquela região. 

Na verdade, por falta de entendimento, eu gostei de ver aquelas aeronaves bem de perto, no campo sem grama e esburacado. Éramos proibidos de entrar e ficávamos olhando pelas brechas do portão enferrujado, o desfile de soldados, provavelmente do exército brasileiro, a transportar nos braços, as mercadorias que eram depositadas em caminhões para serem levadas aos necessitados.

Na verdade, no portão do estádio, era muito grande a multidão de curiosos que ficavam como eu, observando os pousos e as decolagens dos helicópteros. Era umas libélulas (ziguezigues)  gigantes que transportavam mercadorias e pessoas. Tudo muito bonito.

Só depois de alguns anos, é que eu consegui entender o tormento passado pelos habitantes das áreas ribeirinhas da nossa região.

Em 2010, mais uma vez, fomos desabrigados pelas enchentes. A população ribeirinha de toda a região sofreu com o volume e a velocidade das águas dos rios, Canhoto e Mundaú. Desta vez todas as cidades que margeiam esses rios foram afetadas. A destruição foi de grandes proporções, pois apesar de já ter se passado mais de três anos, ainda sentimos em todos os setores, a “ressaca” econômica da enchente.
A maioria das pessoas que tinham seus imóveis nas margens dos rios foram “alojadas” em casas construídas pelo governo, distantes dos leitos; o que já é um alento;  mas que para muitos, apesar do sofrimento, ainda não conseguiram apagar da memória, os tempos bons que passaram à beira do rio.


E eu, nunca esqueci meus ziguezigues de metal, que transportaram os mantimentos para curar a fome e as dores da alma.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Brincadeiras de Criança

Lembranças do passado...
Por Joaquim Maria


Na minha infância, os recursos financeiros da família eram poucos. Nós vivíamos com o pequeno salário que o meu pai ganhava no trabalho no comércio. Estudávamos em escolas públicas e os brinquedos, que toda criança gostaria de ter, era resumido em poucas opções; como bolas para os meninos e bonecas para as meninas.  O que era raro, pois a prioridade era a alimentação e s contas mensais como água, luz, etc.

Na verdade as crianças daquela época e que moravam em cidades do interior, eram levadas à criatividade devido à falta de condições financeiras dos pais. Por isso a inventividade de cada criança e capacidade de imaginação era muito importante.

Muitos criavam carrinhos de madeira, com rodas também de madeira coberta com uma fina camada de borracha, A cabine era de lata de óleo de soja e as molas do mesmo material da cabine. Era tudo muito bem projetado. Na frente do carrinho ficava o cordão para ser puxado. A velocidade, esta sim, dependia de cada condutor quando havia algum desafio para uma corrida. A estrada de terra batida da minha rua era um prato cheio para os capotamentos, sem nenhuma gravidade é claro.

Na mesma rua, quem não conseguia construir um carro, teria que achar outra opção para se divertir. Um ferro de uns 30 cm e pontiagudo, servia para a meninada brincar de triângulo, fazendo marcas no chão. Brincávamos com pião, feitos da madeira da goiabeira. Era melhor e produzia um som peculiar quando estava rodando, o que era um diferencial de qualidade. Toda brincadeira tinha as suas regras. Um recipiente de água sanitária, cheio de areia e puxado por uma cordinha também se transformava em um carro.  Cavalos de pau eram feitos de cabos de vassouras. Tinha bolas de gude.
Mas o que eu e a maioria dos meninos gostávamos, eram as bolas das marcas Canarinho ou Pelé. As bolas Dente de Leite eram mais pesadas e mais caras. Quando elas furavam nas cercas de arames farpados ou em espinhos, sempre havia um jeitinho de consertar as mesmas, aquecendo uma faca no fogo e passando suavemente, espalhando um pequeno pedaço de plástico de outra bola que já tinha virado sucata e só servia para este emprego. Feito o reparo, era hora de começar a pelada de novo.As bolas também serviam para, tanto as meninas como os meninos, brincarem de “queimado”.

Material esportivo naquela época era difícil. Comecei a participar na Escolinha de Futebol do Sr. João Ferreira, no campo da Rua Nova. Treinávamos e jogávamos descalços. Só comecei a jogar com chuteiras depois dos 15 anos. As chuteiras eram feitas pelo Sr. Jorge Peixoto. De couro duro e rústico, fazia muito calos nos pés.  Parecia uma bota e com os cravos feitos de sola. Mas apesar de tudo, era uma grande satisfação jogar calçado.


As meninas acalentavam suas bonecas de plástico nos braços, que geralmente eram compradas sem roupas. Por este motivo, as mães ou até alguma menina, confeccionavam as roupinhas das “calungas”, como eram chamadas as bonecas na minha região. Também brincavam de cantiga de roda... “Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão...”, “Atirei o pau no gato, tô, tô, mas o gato não morreureu, reu...”. Eram muitas cantigas.

Hoje, a possibilidade e a facilidade em adquirir um brinquedo e com o preço acessível é muito grande. Naquela época era preciso ser muito criativo.


sábado, 7 de dezembro de 2013

A LEITURA

Lembranças do Passado..
Por Joaquim Maria




Quando eu fui para escola, iria completar cinco anos de idade, mas já estava alfabetizado, As minhas primeiras lições foram feitas em casa com o ensinamento e a supervisão dos meus pais.  Isto facilitou a minha adaptação aos estudos; pois além de ler e escrever, praticamente as quatro operações da matemática eu já sabia. No mesmo período eu sentia que a maioria dos meus colegas de sala de aula não tinha recebidos as orientações básicas no lar e sentiam muitas dificuldades no aprendizado na escola. Penso eu, que tivemos sorte em ter uns pais dedicados e preocupados com a educação e que sabiam da importância dela no futuro dos seus filhos.

Eu era um leitor voraz de histórias em quadrinhos. Os gibis do Tio Patinhas, Zé Carioca, Mickey, A Turma da Mônica entre outros, eram muito presente no meu dia a dia. Vem-me a lembrança que tinha uma banca de revistas de madeira, na Avenida Mons. Clóvis, próximo a Lanchonete São Luiz, de propriedade de João, que depois mudou para uma loja, na Praça Antenor Uchôa e montou uma livraria, praticamente todos os dias eu visitava a banca para comprar novos gibis.

Além das revistas, fui leitor assíduo do Jornal de Alagoas que era entregue diariamente na minha casa; pelo Sr. Vavá. Muitas vezes eu ficava esperando o Jornal chegar de Maceió, pela empresa de ônibus São Sebastião (depois São Domingos), na rodoviária que ficava no terreno do prédio onde é atualmente a Caixa Econômica Federal.

Quando jornal chegava, com aquele cheiro de papel e tinta fresca, era minuciosamente examinado pelo olhar do pequeno leitor, que tinha vontade de está bem informado. Eu lia todas as páginas do jornal e ainda fazia as palavras cruzadas. Acho que o meu pai sentia prazer em me ver lendo e raramente folheava o matutino; ele só comprava porque eu gostava de ler.

Na televisão além dos desenhos animados, gostava de assistir a primeira versão do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, que era exibido por volta das dezessete horas. Necessariamente também assistia o Jornal Nacional.

Este meu interesse pela informação eu trago comigo até os dias de hoje. Isto meu deu certa facilidade em conhecer e discorrer em temas mesmo não sendo um especialista. Na verdade eu sempre fui curioso e procurava através de pesquisas, ter conhecimento de fatos que marcaram ou marcavam a nossa história.

Até hoje quando aparece algum fato relevante que possa acrescentar algum conhecimento, eu procuro pesquisar nos sites de buscas na internet; pois conhecimento nunca é de mais.


sábado, 30 de novembro de 2013

MPB no LUA NUA

Lembranças do Passado...
Por Joaquim Maria

Prédio abandonado do Lua Nua

Hoje ao ver a antiga casa de show Lua Nua em ruínas, é inevitável não lembrar aqueles tempos onde nós podíamos ouvir uma boa música na voz de Edvan (in memoriam), Ari, Eribério Veloso e Elaine Kundera, nos finais de semana em União. Era um lugar simples, mas aconchegante e muito frequentado pela nata da sociedade de União dos Palmares.

O Bar funcionava todos os dias, mas as atrações eram geralmente as sextas, sábados e feriados; quando a casa ficava lotada. O Lua Nua foi um dos precursores da música ao vivo em nossa cidade.
Este tipo de atração em terras palmarinas, naquela época era muito difícil.  Mas eu sempre gostei de música e de sair com os amigos para tomar algumas cervejas nos finais de semana e até mesmo durante a semana. A turma era unida e gostava de “entornar” algumas. Guardo comigo alguns locais aonde nós íamos nos divertir ao som de uma boamúsica. Acho até que era o começo de tudo, ou seja, o começo desse tipo de atração na nossa cidade.

Lembro-me de ter ido à quadra da Associação Atlética Palmarina para ouvir MPB ao vivo, nas sextas-feiras, com alguns rapazes de União. Outro ponto que também tinha a atração era o Hotel da Srª Josefa Duarte, que fica em frente ao Ministério do Trabalho; também com o mesmo pessoal que fazia este som na palmarina.  Depois veio o Chaplin, do Carlos Henrique Leite, que começou a trazer as melhores atrações de Maceió, na época, neste estilo de música, como: Wellington e Allan Bahia, hoje Allan Bastos; Osman de Palmeiras dos Índios, Pel Morais, entre outros. Pena que a casa não durou muito tempo aberta. Antes do Chaplin, tivemos também o Nova Mania do amigo Sérgio, localizado na Rua Hermano Plech, esquina com a Rua Antonio Arecipo; que também fechou com pouco tempo de funcionamento.

Hoje em União, quando se fala em música ao vivo e de boa qualidade, pensamos logo em Chimvbra’s Bar, A melhor opção; como está no seu slogan; e que vem sobrevivendo e sempre inovando o seu ponto de venda, tornando-se o principal ponto de encontro da sociedade palmarina, principalmente nos finais de semana; mas com evidência para as quintas-feiras, onde já podemos curtir o melhor da nossa música brasileira.
Antonio Ferreira, o nosso Chimbra, se não me falha a memória, era proprietário de um trailer que ficava dentro da Praça Padre Cícero, antes de mudar-se parar o local atual. Chimbra é um grande empreendedor!

Não podemos deixar de dizer que durante este período em nossa terra, apareceram vários artistas e com estilos de músicas variados e que hoje também fazem show em alguns bares ou churrascaria.  Mas nada se compara a época romântica da música ao vivo, nos barzinhos aconchegantes da nossa cidade.

sábado, 23 de novembro de 2013

OS CANAVIAIS DA TERRA DA LIBERDADE

Lembranças do Passado...
Por Joaquim Maria

Foto da internet
“Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel;
Se lambuzar de mel...”Milton Nascimento

Com a decadência da Indústria Açucareira do nordeste e principalmente no estado de Alagoas, o êxodo rural e a fome dizimaram os sonhos de muitos trabalhadores rurais na região.
Ainda me lembro como era forte o setor açucareiro do nosso estado, o que fazia de União dos Palmares um grande polo produtor de cana de açúcar, tornando-se a cidade de maior movimento na região da Zona da Mata alagoana.
  
Se esta cultura da cana trouxe desenvolvimento, fui muito ruim para o meio ambiente e que apesar da diminuição da produção, ainda estamos pagando um preço muito alto pela derrubadas das nossas matas e com a poluição dos nossos rios, através dos detritos da lavagem da cana na indústria e do resíduo da destilação do etanol, o vinhoto. Muitos herbicidas e inseticidas foram jogados na cultura e no solo, contaminando também o lençol freático. 

Mas apesar de toda essa degradação, guardo na lembrança os verdejantes canaviais que cobriam a imensidão das terras palmarinas, pois apesar da dificuldade topográfica, era coberta de várias variedades adequadas para cada tipo de solo da nossa região, fazendo da adversidade uma aliada no cultivo da cultura.
  
Na época da safra era grande o tráfego de caminhões levando a cana cortada para a Usina Laginha, para ser transformada em açúcar ou álcool. Apesar de a usina ter várias fazendas produtora, os fornecedores de canas, grandes fazendeiros; eram parte fundamental para produção canavieira e da sustentação a uma moagem de qualidade à indústria. 

- A cana roxinha é mais mole do que a 3X! Diziam as pessoas que gostavam de chupar a cana que eram trazidas dos canaviais para a cidade. Eu, como toda a criança da época, apreciava a doçura daquele fruto. Descascado e cortados em rodelas era consumido com satisfação por todos, até para servir de complemento à alimentação familiar.

Devido a grande produção de açúcar, era preciso estocar os sacos em silos da nossa cidade e esse transporte deixava no trajeto da indústria até o local de armazenagem, por causa das avarias nos sacos, muitos quilos de açúcar pela estrada, que eram colhidos pela população para também serem consumidos. Lembro muito bem do sabor, da cor escura, do cheiro e da quentura do açúcar demerara se derretendo na minha boca. Era muito gostoso! 

Hoje com a falência da indústria canavieira no estado, fica o gosto amargo do desemprego de várias pessoas e a incerteza no futuro de suas famílias.
  


sábado, 16 de novembro de 2013

SUBINDO A SERRA DA BARRIGA

Lembranças do Passado

Por Joaquim Maria



A Serra da Barriga, para mim, sempre foi enigmática. Eu já visitava a serra desde quando, praticamente era inacessível o caminho até o platô. Nós fazíamos o percurso a pé. Saíamos logo cedo do centro da cidade, passávamos pelo cercado da Fazenda Jurema, fazendo uma parada para descanso em um açude na localidade denominada de Laranjal.

Ali ficávamos por algum tempo nos refrescando naquela água negra e fria. Depois da pausa e de um rápido lanche, era hora de arrumar as mochilas e seguir rumo a cume da serra. No caminho, muitos espinhos e bichos peçonhentos, além dos bois que pastavam e que de vez em quando, partia pra cima da gente, nos obrigando a correr e atravessar a cerca, em busca de proteção.  Esse trajeto é mais curto do que o atual, mas era uma trilha e não tinha tráfego de automóveis.

Essas nossas caminhadas a serra tinha mais um efeito ecológico do que histórico/cultural porque naquela época, a história do Quilombo ainda não era bem difundida e essas manifestações culturais e as peregrinações como as que existem hoje, praticamente não havia.

A subida era cansativa, mas excitante. Mais satisfeitos ficávamos quando alcançávamos o platô; onde hoje se concentram as manifestações e rituais em homenagem ao Rei Zumbi.  A vista era exuberante e a localização estratégica.

Ainda tinha tempo de nos refrescar na “Lagoa Sagrada”, onde por um instante, a turma mergulhava literalmente, na história do Quilombo dos Palmares. Neste momento, todos nós ficávamos imaginando como teria sido viver aquela maneira. Livres mas aprisionados no seu pequeno território. As nossas mentes viajavam em busca de respostas para o tão monstruoso massacre da comunidade negra daquela região.

Outro fato importante era o estado ainda bruto das matas. A serra estava bastante preservada. Os pássaros cantavam e revoavam por entre os galos das árvores centenárias. Era incontável a quantidade de sons e animais silvestres naquela área. Os sons vinham de todas as direções.  Até o vento produzia um som diferente fazendo as árvores gemerem; o que despertava a imaginação de alguns, que diziam que era o gemido dos negros em agonia.

Depois de algumas horas na lagoa, arrumávamos as mochilas novamente e atravessávamos todo o platô, descendo por uma trilha muito íngreme, saindo cerca de 1 KM,  antes da entrada do Posto de Informação atual, voltando pelo mesmo lugar e fazendo mais uma parada no açude para refrescar o nosso corpo,  dolorido e empoeirado.

A chegada à cidade era próximo ao escurecer, por isso, a dispersão do grupo, aos poucos ia acontecendo, porque depois de um dia cansativo, precisávamos de um bom banho, de uma refeição substancial, para repor as energias de uma longa e prazerosa caminhada nas trilhas do Quilombo dos Palmares.


sábado, 19 de outubro de 2013

A DIVERSÃO NOS CIRCOS

Lembranças do passado
Por Joaquim Maria
Foto: JMarcelofotos                  cantora Gretchen


Nas cidades de interior, na década de 70, ainda no século passado; as diversões dos cidadãos eram nas festas de santos nos bairros, na padroeira, nas juninas e o carnaval. Em algumas cidades havia cinema, onde eram exibidos os mais diversos gêneros, com maior ênfase para os filmes de faroeste e artes marciais. Vi muito dessas fitas no Cine Imperatriz em União dos Palmares.

Mas o que mais me agradava era quando chegava algum circo. Era uma festa. Quase todos os habitantes da nossa cidade, necessariamente, iriam passar uma noite agradável na companhia dos artistas circenses, entre risos e aplausos.  Mas a curiosidade levava as pessoas a acompanhar até a armação do picadeiro e de toda a estrutura da Companhia. Inclusive, se dizia que um bom circo era medido pelo estado de conservação da cobertura. A lona.

- “CIRCO BARCELONA, TEM MAIS BURACOS DO QUE LONA!” Diziam os garotos, numa forma de zombar da qualidade do material do circo. 
Mas existiam grandes Companhias Circenses como a do Orlando Orféi e o Circo Garcia, este último fechou suas portas no início do ano de 2003, depois de 74 anos de existência.
Tive a oportunidade de ver esses espetáculos dessas duas Companhias, quando instaladas para uma curta temporada em nossa cidade.

Em União, a cidade ainda era muito pequena e havia vários locais aonde poderiam ser instalados os circos. No local da atual prefeitura era um desses lugares. Era muito bom e no centro da nossa cidade. Mas também eram instalados na Cohab pois havia uma grande área sem casas o que dava uma boa acomodação para os circos de grande porte.

À noite, o espetáculo era impressionante. Os Palhaços, os malabaristas, as sensuais dançarinas, o mágico, o atirador de facas, os domadores de animais: leões, tigres, zebras, elefantes, macacos, (na época era permitido) o globo da morte, etc. Era tudo muito divertido. Eram profissionais do mais alto gabarito exibindo as suas performances para um público ávido por diversão. Todos queriam ir à estréia.

Carros de sons na rua exibindo os artistas e os animais, convocando a comunidade a participar do evento. Geralmente, no primeiro dia, tinha sempre uma promoção.

Hoje o que nós vemos nas periferias das pequenas cidades são circos sem estruturas onde o que se pode colher sobre a situação, são histórias de dificuldades e fracassos, pois até o circo, hoje depende da tecnologia para sobreviver; e isto não é barato. Requer um bom investimento para continuar atraindo o público. Mas mesmo com dificuldades o show não pode parar.

- E o palhaço, o que é?!
- É ladrão de mulher!!!

sábado, 28 de setembro de 2013

A Gastronomia nos Botecos de União dos Palmares

Lembranças do Passado...
Por Joaquim Maria

Em cada cidade existem pessoas que fazem ou fizeram parte da história da mesma. Em minha cidade natal, União dos Palmares, no leste alagoano, não é diferente; pois as pessoas deixam as suas marcas no decorrer da vida e algumas ficam imortalizadas, pelos seus feitos ou pelo o que o destacou na sociedade.

Eu já falei dos sabores da minha infância, tratando mais do tema de maneira doméstica, ou seja, falei da comida servida na minha casa. Mas hoje gostaria de lembrar os nossos comerciantes que trabalharam e ainda trabalham com a gastronomia na nossa cidade.

Quem em União não comeu o cachorro quente da Lanchonete São Luiz do saudoso Luiz do Sorvete, ainda num quiosque feito de zinco, no mesmo local, onde ainda hoje existe, sob o comando do eficiente José Diniz, o nosso Zeca, também do sorvete.  E o caldo de cana de caiana, higiênico e perfeito, fazia par com a coxinha feita pelo japonês Antonio Mitonori, que também servia o quitute no seu quiosque em frente ao atual Supermercado Globo e que depois mudou para a casa da família na Rua Antonio Arecipo, onde eram servidos além das coxinhas os famosos pastéis de carne e queijo. O empreendimento era comandado pela própria família nipônica.

Por falar em caldo de cana “feito na hora”, não podemos deixar de lembrar o Sr. Biu, que era vigilante do Colégio Santa Maria Madalena e morava numa casa que a escola disponibilizava para ele, nas dependências do próprio colégio.  Acho que até hoje, ele deve trabalhar na feira vendendo a dobradinha pastel e caldo de cana, “o melhor do mundo!”, como ele sempre apregoa.

Na sexta a noite, sempre é a hora de comer um bom sarapatel nas bancas de feiras ao lado do mercado de carne municipal, no centro da cidade.
Outro ambiente é o do Biu do Caldinho, na mesma Antonio Arecipo, frequentado por figuras ilustres da sociedade palmarina.

E a perua, Professor Nivaldo Marinho?,  E a galinha caipira do restaurante do amigo Zé Carlos Pimentel, que quando voltou de São Paulo, abriu a La Toque Blanch, na Praça Padre Cícero, formando o famoso, todo palmarino sabe por que, Mário Garçom; figurinha carimbada nos restaurantes da nossa terra.

E nos finais das festas e bailes, todos tinham que passar pelo Restaurante da Estação Ferroviária, do Juca do Bar, como era conhecido o proprietário; para deliciar-se com a famosa macarronada, com um molho especial e farto; acompanhado de carnes bovina ou suína, além de fígado acebolado; feita no capricho por D. carmelita, esposa  e a principal cozinheira do estabelecimento. O ambiente ficava lotado.

Mais recente o restaurante Aquarius, de Lucílio Vasconcelos e Cida; onde a juventude ia tomar cervejas e consumir os quitutes saborosos da casa. Sempre acompanhada de uma boa música.  Hoje os proprietários estão com o restaurante A Porteira, também um grande sucesso.

E não poderia de deixar de falar do point da cidade: CHIMBRAS BAR, do amigo de todos, Antonio de Freitas, o galego dos “zoi” azul, que a todo o momento dá um novo visual a casa, tornando-a sempre num ambiente mais aconchegante para os seus clientes, oferecendo sempre, uma boa música aos frequentadores. Em minhaopinião, o melhor bar da nossa cidade.

Ainda temos a Esquina 90 Graus, da querida Sônia; o Restaurante Afro Brasil, de Laércio Marques, o popular Pita; o bar da Nivalda, o boteco do Fernando“Harry”, que fornece dobradinha e buchada de bode, o bar do paciente Paulista, próxima a Praça Jorge de Lima, onde podemos encontrar os amantes de cervejas e de dominós, onde a política fervilha.

Quero pedir desculpas aqueles que não consegui me lembrar, mas quero dizer com muito carinho que apesar das exigências dos clientes e da necessidade de está constantemente se adequando as regras que exigem uma melhor higiene e atendimento, nós estamos bem servidos.

Neste momento me despeço com saudades.


sábado, 21 de setembro de 2013

“Domingo no Parque Infantil Antenor Uchôa”

Lembranças do Passado...

Por Joaquim Maria


Foto: União antiga

Hoje, o ambiente de diversão coletiva está cada vez mais difícil nas grandes e até nas pequenas cidades brasileiras, fato este que precisaria de uma maior atenção das autoridades no sentido de preservar estes espaços de lazer e de sociabilização das pessoas que vivem numa mesma comunidade.

Com a chegada das novas tecnologias e a quase extinção desses ambientes, nos resta recordar dos momentos em que passamos nos parquinhos de diversão das pequenas cidades, que ficaram sem público; trocados por vídeo games e computadores.

Em União dos Palmares, entre as décadas de 70 e 80, o domingo da criançada era preenchido com as brincadeiras no playground no Parque Antenor Uchôa que ficava onde hoje é a “Praça de Alimentação”.

No parque, as crianças eram motivadas a gastar a sua energia através dos diversos brinquedos que o parque ofertava gratuitamente e o que transformava o local em uma grande festa no domingo à tarde.

Os pais levavam seus filhos para uma tarde de diversão e lazer. Era o momento mais esperado pela garotada da nossa cidade. Um lazer e um prazer indescritível invadia a alma das crianças e adultos que frequentavam o local. Todos embebidos pela satisfação de poder correr, pular, suar e principalmente; porque aquele tipo de atividade fazia muito bem a saúde; hábito que atualmente não é oferecido pelos atuais brinquedos eletrônicos.

Os vendedores ambulantes também contribuíam para a diversão das crianças oferecendo guloseimas e comidas simples a todos os frequentadores. Tinha laranja lima,doce feito mel; descascada por uma pequena máquina manual, que retirava a casca do fruto, transformando-a em  longas tiras; amendoins, rosário de coco, rolete de cana, balas e chicletes Ping Pong ou Ploc; refrigerantes,  cachorros quentes e outros quitutes mais.

O parque fechava por volta das 18 horas, o que causava o descontentamento das crianças. Mas todos saiam felizes por ter passado uma tarde repleta de brincadeiras saudáveis e seguras no pequeno parque da Rua Marechal Deodoro, no centro de União dos Palmares; já pensando no próximo domingo.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

PICNIC NAS SETE LÉGUAS

Lembranças do Passado 
Por Joaquim Maria



Diz-se que uma légua tem seis quilômetros. Pois, até hoje eu não sei o porquê que este antigo banho tem esse nome, por que se calcularmos do centro da cidade até o local, provavelmente a distância não chegaria a uma légua.  Por isso eu não sei o ponto de partida que determinou o batismo da localidade, que fica a quase 1 km antes do hoje Park Hotel dos Quilombos.

O pequeno açude, também servia para o abastecimento de água da nossa cidade, pois lá existia uma pequena casa de máquinas que fazia o bombeamento da água até a estação de tratamento.
Era neste riacho represado onde a garotada se reunia para fazer, alguns e os mais divertidos picniics da época. O passeio consistia em uma caminhada ecológica até o local, passando pelos cercados de gados, na localidade onde hoje é o bairro Roberto Correia de Araújo, o popular terrenos, até o local antes mencionado.

Geralmente feitos pela turma da rua ou até pelos grupos de colegas do colégio onde estudavam, os picnics era uma das formas de lazer e diversão da época. A preparação era um momento bastante especial, pois cada participante fazia a sua compra nos mercados para poder levá-las no dia seguinte ao banho.

A partida se dava, de um local previamente determinado, logo as primeiras horas do dia dos verões da zona da mata, de temperatura bastante elevadas e de sol intenso e brilhante.

Bagagem nas costas, com todos os quitutes e preparados no dia anterior, seguíamos na caminhada rumo ao tão desejado local de lazer. Ainda na bagagem, água, biscoitos, refrigerantes e conservas; faziam parte do cardápio. Em certos momentos da caminhada, aonde normalmente íamos cantando, era preciso ficar atentos a cobras e por várias vezes; correr das investidas dos bois que estavam no cercado, por onde necessariamente tínhamos que passar.

Passamos o dia quase todo no açude, tomando banho e comendo os petiscos que trazíamos.

Ao voltar para casa, a caminhada parecia interminável, pois todos estavam cansados e queimados pelo sol; mas felizes pelo dia que passaram juntos.


sábado, 17 de agosto de 2013

Os sabores da minha infância

Por Joaquim Maria




Hoje, depois de muito tempo, ainda guardo na lembrança os cheiros e os sabores das comidas da minha terra. As coisas mais simples me trazem grandes recordações, como o cheiro do cuscuz de milho que a minha mãe fazia numa cuscuzeira de barro, onde ela colocava a massa dentro de um compartimento, amarrava com um pano, para que a mesma não passasse para o outro lado, onde estava a água, que produz o vapor, essencial para o cozimento da iguaria.

Todo o processo começava nas primeiras horas da manhã com o descascar e a limpeza das espigas de milho seco. Logo depois as espigas eram raladas uma a uma, produzindo um som que acordava todos da casa; era o sinal que o nosso café da manhã, em poucos minutos, estaria pronto. Ao mesmo tempo do cozimento, minha mãe ia até a porta com uma vasilha, esperar o vendedor de leite fresco, trazido das fazendas da região. Em seguida o leite era coado e colocado para ferver no fogo de carvão vegetal. O cuscuz era tirado do fogo e colocado em um recipiente onde que quase ao mesmo tempo, minha mãe adicionava o leite puro e de nata amarela.  O cheiro era impressionante! A combinação era perfeita!

O cheiro do cuscuz impregnava o ambiente. Todos já de pé e esperando o chamado da minha mãe para nos deliciar com aquele belo manjar. Hoje em dia esse prato tipicamente nordestino não tem o mesmo sabor e o cheiro do que era feito artesanalmente pela minha mãe, pois a industrialização da massa do milho e do leite tira a rusticidade dos ingredientes, modificando o cheiro e o sabor dos mesmos.

Como não se lembrar da galinha caipira com fava verde! Do feijão de corda, transformado em tropeiro com destaque para o cheiro forte do pimentão. Da macaxeira com carne de charque, do inhame de cor branca como a neve. Sem falar da buchada de bode, do sarapatel, da feijoada com tudo dentro; verduras, legumes carne de charque, toicinho, pé e orelha de porco. Como não ficar com a boca cheia d’água se lembrando dessas delícias?

Em dias de festas os pratos se multiplicavam! No natal os perus caipiras fazia parte do cardápio natalino. Recheado, crocante e ao mesmo tempo macio; bem dourado e de cheiro irresistível era devorados por toda família. Na semana santa, os peixes, camarões, siris eram consumidos fritos ou ao molho de coco fresco; além da abóbora, maxixe, bredo; tudo ao leite de coco.
Meu avô na cabeceira da mesa era quem comandava o banquete na semana santa. Sempre estávamos juntos nestes períodos; a família se reunia era tanta gente, que não cabia na mesa principal da casa; por isso era preciso deslocar alguns parentes para as cadeiras e sofás que existia na casa.

Tapiocas com coco, bejus, pés de moleque, mungunzá, arroz doce, também fazia parte do cardápio da minha infância. Os momentos de degustação e confraternização da nossa família era também, o momento de poder saborear os quitutes mais saborosos da culinária nordestina. Por este motivo, apesar da industrialização, sempre que eu posso; procuro consumir essas iguarias de sabores especialmente marcantes. 

sábado, 10 de agosto de 2013

A Feira de União dos Palmares

Lembranças do Passado...
Por Joaquim Maria. 
Foto: JMarceloFotos

Desorganizada e totalmente ilógica é a feira de rua da nossa cidade. A Rua Correia de Oliveira, conhecida como rua da batata hoje não tem mais tubérculo sendo vendido, aos montes, próximo aos seus meios fios, quase em cima da calçada. Era rua que continha além das batatas, macaxeiras e inhames; comida tipicamente nordestina. Hoje quase não existe feira neste logradouro.

A feira da banana ainda continua no mesmo lugar, mas juntou-se a ela, outros produtos de época, como manga, jaca, umbu, jabuticaba, pimenta malagueta, feijão de corda... As cordas, feitas de agave, também tinha o seu lugar garantido na feira; ficavam estendidas na rua atrás do palco da Praça Basiliano Sarmento, em frente às Casas Daher.

Artistas de rua também faziam parte da feira. Violeiros, duplas de emboladores, vaqueiro aboiador, jogos de enganação, malandros e batedores de carteiras. Todos ali misturados...

No mercado as mais variadas carnes eram vendidas ainda como hoje. No segundo compartimento, divido apenas por um portão, quando nos aproximávamos poderíamos sentir o cheiro quente da farinha de mandioca. Da própria mandioca era extraída a goma para fazer tapioca, beijus e que misturado ao coco, fazia um par perfeito com um café moído no pilão. Ainda podíamos encontrar o pé de moleque, outra iguaria muito apreciada pelos frequentadores da feira   . Ao lado do mercado, nas bancas ou mesmo pequenos estabelecimento nunca faltou o famoso sarapatel, servido com farinha e pimenta era consumido desde a sexta-feira à noite, fazendo a alegria dos bebedores de aguardente e cervejas, como uma verdadeira tradição. Também era comprado para ser consumido em casa.

Tecidos e roupas feitas é na Avenida Monsenhor Clóvis  hoje com a junção das bancas de sapatos, forma um shopping Center a céu aberto, pois tem mercadoria para todo gosto. Calças, camisas, peças íntimas, redes, cobertores, lençóis, de boa qualidade que não ficam devendo nada as lojas estabelecidas ou até as marcas de grife. 

Na feira sempre encontrávamos com todo tipo de gente, os vendedores, os garotos pegadores de carrego, a dona de casa, o profissionais liberais, autoridades e tantos outros anônimos faziam a grandeza da feira da nossa cidade.

Hoje a feira está desorganizada, as ruas não são separadas por produtos e os consumidores acham dificuldades em encontrar encontra-los. É primordial e necessário se faz, organizar a nossa feira, para que a população volte a ter onde achar os seus mantimento com rapidez, agilizando o tempo de permanência na feira.

sábado, 3 de agosto de 2013

MACUMBA NA RUA DA CACHOEIRA

Por Joaquim Maria

Foto da internet

Rua Frei João ou simplesmente Rua da Cachoeira, de qual a cachoeira tiraram o nome do logradouro, não tenho o conhecimento; mas há tempos era conhecida pelos terreiros de candomblé, onde os repiques dos atabaques eram ouvidos, principalmente nas noites sextas-feiras.

E era nesse clima de som afro que a nossa turma, em algumas noites, ia tomar “retetéu”, uma mistura de vinho, aguardente, canela e mel, nos terreiros de macumba daquela rua. Na verdade nós não tínhamos nenhum praticante da religião, a nossa ida ao terreiro era uma espécie de diversão e/ou uma confraternização entre pessoas.
Nós gostávamos do clima, podemos dizer assim, um tanto emblemático para o nosso conhecimento à época e dos sons que eram executados nas timbras.  Necessariamente sempre um de nós assumia o controle de algum instrumento percussivo, o que nos envaidecia muito, o fato de saber tocar e conhecer alguns ritmos que fazem parte do batuque do candomblé, enquanto os participantes dançavam numa coreografia contorcionistas, soltando alguns gritos incompreensíveis, gingando os seus corpos freneticamente. 

Chegávamos a perceber que a nossa presença já era esperada pelos os participantes efetivos do rito, parecia que com a nossa chegada o clima esquentava, pois além do inusitado “retetéu”, havia sempre um grande consumo de cervejas e comidas.

Mas a nossa presença na casa era quase sempre por pouco tempo, pois ainda precisávamos terminar o nosso tour “sextiano” pelas espaças festa que acontecia na nossa cidade; ou até mesmo em mais uma rodada de cervejas, nas boates ou no bar com o maior número de frequentadores daquela noite, de preferencia o que estavam mais cheio de garotas.

A Rua da Cachoeira é bastante conhecida em nossa cidade onde ainda hoje, residem famílias tradicionais, que mesmo com o preconceito, principalmente naquela época, nunca deixaram de morar lá e respeitar a religiosidade das outras pessoas.
Hoje, quando nos encontramos, lembramo-nos das noites de sons, gingas e muita alegria na macumba da cachoeira.

SARAVÁ!

sábado, 6 de julho de 2013

União dos Palmares já teve “Cine Imperatriz”

Lembranças do passado

Por Joaquim Maria



Que pena. Hoje não existe mais cinema na nossa cidade! Lugar de diversão e dos primeiros namoricos dos adolescentes da nossa pequena cidade. O Cine Imperatriz apresentava na única sessão diária o que tinha de mais atual em matéria cinematográfica da época.

Vavá que de dia entregava jornal era responsável pela projeção dos filmes.  Além disso, ele fazia os anúncios tanto dos filmes, como também dos jogos de futebol que eram realizados aos domingos, no Estádio Mário Gomes, na Rua Nova.  A placa com o anúncio do jogo, que era feita de uma armação de madeira e uma grossa camada de jornal colada nesta mesma armação e; com uma base de tinta branca sobre a camada de jornal, onde ele, com letras coloridas, faziam o enunciado do desafio futebolístico. Esta placa ficava na Avenida Monsenhor Clóvis, em frente ao Bar do seu Zequinha, hoje Bar do Boiadeiro; amarrado no poste do canteiro central da praça.

Mas no cinema foi onde eu assisti aos primeiros filmes de bang bang, karatê e até sem puder, consegui entrar e assistir diversos filmes para maiores, inclusive Dona Flor e Seus Dois Maridos, Com Sônia Braga; foi quando Sr. Armando Assunção, dono do cinema e porteiro deu uma bobeira; eu aproveitei esse momento de descuido e consegui entrar e me misturar aos adultos, para não ser colocado pra fora do recinto.

Sentei-me numa fila e não percebi que na fila de trás estavam minhas três professoras do Colégio Santa Maria Madalena. Eu ainda estava me escondendo de “Seo” Armando, quando ouvi alguns risos e cochichos bem próximos aos meus ouvidos. Fiquei mais retesado ainda, mais tudo mudou quando as luzes se apagaram e começou a passar o trailer das próximas exibições e por fim o tão desejado filme. Ainda passaram-se alguns dias para que eu pudesse encarrar as minhas professoras no colégio.

Quem quisesse arrumar uma namorada, o melhor lugar era no cinema e se a garota fosse “quente”, levávamos direto para a “galeria”, ambiente de poucos lugares que ficava no piso de cima do velho cinema.

Hoje sinto falta da telona na nossa cidade. O prédio do Cine Imperatriz deu lugar a um supermercado e se você quiser ir ao cinema, tem que se deslocar até a capital.
ÔÔÔÔÔ ÔÔÔÔ ÔÔÔÔÔÔ... Era o grito do Tarzan...


sábado, 15 de junho de 2013

Alto do Cruzeiro

Memórias do Passado...




Qual cidade nas décadas de 70 e 80 não tinha uma porção de cabarés bastante movimentados? Aqui em União não era diferente. A Rua do Alto do Cruzeiro era o point dos prostíbulos e por onde desfilavam as mais belas prostitutas do interior alagoano. Na verdade só perdia para o Mossoró, em Maceió.  Mas mesmo assim, as moças que trabalhavam na distinta casa da capital alagoana, vez por outras, desembarcavam em terras palmarinas, para o delírio da “macharada” interiorana, sejam solteiros e principalmente os casados; que deixavam suas submissas esposas em casa e passavam a frequentar assiduamente as casas da Rua do Alto do Cruzeiro; reduto da alegria dos frequentadores e até de crimes passionais.

Neste cenário, a nossa turma também frequentava o baixo meretrício em busca de diversão. Não necessariamente de sexo, mas de bebidas e de músicas dançantes e preferencialmente, românticas; estilo dor de cotovelo; onde embalados por estas melodias, alguns ou quase todos, viviam a temática musical, bebericando e confessado as suas mágoas às meninas do Alto. Até futebol nós íamos assistir nos cabarés em companhias das nossas amigas. Chegávamos com antecedências e já começávamos a dançar e tomar algumas cervejas, com o som na maior das alturas, na verdade existia uma competição para ver quem tinha o melhor som das casas noturnas (e diurnas), pois o movimento só diminuía no período da manhã.  Assim que o jogo começava, o som era desligado e era a vez das garotas ficarem ao nosso lado assistindo ao jogo.  Depois da partida terminada o som voltava a animar o ambiente. A nossa ida a famosa rua, sempre se dava no período da tarde, na matinê, como nós mesmos chamávamos.

Lembro-me que a Rua do Alto ainda era de terra batida e que até os esgotos, naquela época, ainda escorriam a céu aberto. Hoje já rua está calçada e já não existem as casas noturnas, mas ainda encontramos pessoas remanescentes da época de glória da Rua do Alto do Cruzeiro, reduto de malando e mulheres da vida e, do ódio e dos ciúmes das mulheres casadas da nossa cidade.

Por  Joaquim Maria