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sábado, 30 de agosto de 2014

Alagoas: Da escravidão e pobreza da cana a algumas ilhas de desenvolvimento.

Por Manoel Simeão Moreira

O estado de Alagoas é um estado que acomodou-se, pois seus dirigentes legitimamente eleitos, com raríssimas exceções, pouco se interessaram em desenvolver a indústria do nosso estado, de gerar emprego e renda e por consequência o bem-estar da nossa população. O que restou a Alagoas foi modernizar os engenhos que viraram usinas e as senzalas viraram favelas e essas mesmas usinas, muitas fecharam, viraram sucatas fantasmas, pois quando viajamos por alagoas nos deparamos com as carcaças, esqueletos de ferragens e vilas abandonadas, lugares sem vidas às margens das rodovias, que em décadas atrás eram locais de intensas relações humanas, comerciais e financeiras, foram vidas que migraram para outros locais devido à falta de dinamismo que possibilitasse a perduração do setor para outras gerações e com esse fechamento das usinas, engenhos antigos (hoje modernas usinas falidas e fechadas), as pessoas das senzalas e da mão de obra da cana (hoje nas periferias das cidades), perderam seus espaços de cidadãos, pois o indivíduo sem trabalho e moradia não tem dignidade para si e para os seus, são para a sociedade, fantasmas iguais às usinas fantasmas.

Continuando a analisar Alagoas, observo que poucos municípios de algum desenvolvimento, oque chamo nesse artigo de "ILHAS" e conto nos dedos as poucas cidades ilhas que são: Maceió, Arapiraca, São Miguel dos Campos, Pilar, Penedo, Maragogi, Marechal Deodoro, Coruripe, Piranhas e Delmiro Gouveia, esses municípios que citei tem algum desenvolvimento devido a ter em seus territórios indústria, petróleo, gás natural, fábricas, opção de lazer, uma boa rede de serviços que ofertam uma série de produtos, shoppings centers, polos de universidades e um comércio competitivo. Já os demais municípios de alagoas vivem das rendas do Programa Bolsa Família, da renda dos aposentados e pensionistas do INSS, dos poucos empregos ofertados por alguma fábrica e dos empregos da prefeitura e do estado, além da lavoura do comércio capenga. Em particular insiro nesse contexto que acabo de acima citar, a minha União dos palmares, que apesar de ter um grande potencial para o turismo histórico, pois é conhecida mundialmente, não tem grupos nem pessoas que se interessem, ou sejam competentes, tenham a vontade de explorar esse turismo e até a festa de Santa Maria Madalena (padroeira de nossa cidade) que era um grande evento regional, já há vários anos está chegando ao seu ocaso, vem perdendo os eu brilho. União dos Palmares que no passado tinha em seu território uma fábrica beneficiadora de algodão, uma fábrica de doce, uma fábrica de correntes, a usina Laginha e uma grande produção de bananas, nos dias atuais não tem nada disso, vive de repasses do Fundo de Participação dos Municípios-FPM, da renda dos aposentados, do bolsa família, dos empregos na prefeitura e no estado e da fábrica Quaker e do comércio que está se acabando por falta de giro financeiro e de riquezas que a nossa cidade não tem mais. Assim em 9 municípios de alagoas se tem algum desenvolvimento, algumas ilhas financeiras e os 93 restantes vivem a espera de um milagre econômico de gestores competentes, de alguém que ligue para o seu torrão, para a sua cidade, o que é meio difícil de acontecer, pois ao analisar Alagoas como ESTADO, como unidade federativa, vejo que aqueles que no governo de alagoas chegam  só desenvolvem financeiramente a Eles, Familiares e a Amigos e aos que chegam ser mandatários das prefeituras fazem o mesmo. Para agravar toda essa situação de estagnação econômica e social de Alagoas, ainda teve um governador que em 1987 isentou os usineiros (a maior parte financiou sua campanha) de pagarem o imposto sobre a cana produzida, o CHAMADO FAMIGERADO ACORDO DOS USINEIROS, que quebrou, faliu e fechou o antigo PRODUBAM, bando de fomentação do estado que financiava o comércio e a indústria do nosso estado, por consequência agravou-se a crise social de nossa gente afetando a já combalida economia de Alagoas. Assim Alagoas, o nosso povo, a nossa gente ordeira e honesta segue como aquele samba enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira do carnaval de 1988 que diz: “LIVRE DO AÇOITE DA SENZALA E PRESO NA MISÉRIA DA FAVELA".

Alagoas é terra de desenvolvimento de alguns municípios, de algumas poderosas famílias que se revezam no poder desde que este território virou estado, sem contar na época das capitanias, são famílias que se locupletam com a coisa pública.

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