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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

AL Perigo

Por José Minervino Neto



Medo. Está difícil até de respirar em Alagoas. Seja na capital ou no interior. A violência  nos obriga a olhar, olhar e olhar várias vezes antes de atravessar a rua. Um cara mal pode vir de surpresa, sacar uma arma e levar, além de nossos pertences, a vida.

Já se foi o tempo em que dormíamos de portas abertas no verão por conta do calor. Hoje, compramos condicionadores de ar. E portões enormes. E aumentamos o muro, colocamos cerca elétrica e cachorro brabo. Não adianta. O jeito é contar com a sorte. Ou com a esperteza ingênua de dar um trocado ao marginal para mais tarde ele não levar tudo. É uma realidade estranha, onde quem deveria estar preso é livre.

Enquanto isso, na periferia, mães rezam, rezam, rezam.

Alagoas, esse paraíso das águas, vai se colorindo de vermelho púrpura a cada dia nas folhas de jornal e telas de computadores e tv's.

Enquanto isso, no Palácio, o governador bebe seu uísque importado, longe dos ruídos e do calor.

A mídia alardeia os números.
Enquanto isso, silêncio no Palácio.
Jovens, negros em sua maioria, são assassinados todos os dias.
Pessoas morrem nos hospitais sem atendimento.
Meninos e meninas sem escola digna.

Enquanto isso, silêncio, silêncio, silêncio... no Palácio. Não! Ouve-se um tin-tin!
Onde está o Superman? Batman, você está atrasado!
Cuidado, motoristas, vocês estão numa rodovia esburacada e sem sinalização, a AL Perigo.

As minhas Alagoas são outras, não custa nada repetir, né, Jorge?

Vale muito a pena ler este artigo da revista Piauí: Engolfado pela violência, de Plínio Fraga, que, ao contrário desse meu desabafo pueril, faz uma baita crítica à política de Alagoas e todo o seu retrocesso.

Fonte: Blog 10 inquietos

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